DIVERSIDADE DE FLEBOTOMÍNEOS EM ALDEIAS INDÍGENAS NO AGRESTE DE PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL
KAMILA GAUDÊNCIO DA SILVA SALES1, DÉBORA ELIENAI DE OLIVEIRA MIRANDA1, PIETRA LEMOS COSTA1, FERNANDO JOSÉ DA SILVA1, LUCIANA AGUIAR FIGUEREDO1, SINVAL PINTO BRANDÃO-FILHO1, FILIPE DANTAS-TORRES1
1. IAM - Instituto Aggeu Magalhães, 2. SES - Secretaria Estadual de Saúde
kamilasalesg@gmail.com

Introdução : Os flebotomíneos são insetos de grande importância médica e veterinária, devido à sua capacidade de transmitir Leishmania a humanos e animais. As modificações antrópicas são fatores que estão intimamente associados à adaptação dos flebotomíneos silvestres ao intra e peridomicílio, desta forma aumentando o risco de transmissão de Leishmania nesses ambientes. Casos de leishmaniose cutânea e visceral têm sido relatados desde 2007 em aldeias indígenas dos Xukurus do Ororubá, localizadas no agreste do estado de Pernambuco.

Objetivo : O objetivo deste estudo foi investigar a diversidade de espécies de flebotomíneos nessas aldeias.

Metodologia: De março de 2015 a março de 2016, armadilhas luminosas do tipo CDC foram instaladas no intra e no peridomícílio de três aldeias (Afeto, Guarda e Santana). As armadilhas funcionaram das 17h às 6h, por quatro noites consecutivas de cada mês. Os flebotomíneos capturados foram examinados sob um estereomicroscópio, triados de acordo com o sexo e mantidos em etanol a 70% para posterior identificação morfológica da espécie de acordo com chaves taxonômicas tradicionais.

Resultados : No total, 5.640 flebotomíneos pertencentes a 11 espécies foram identificados: Lutzomyia migonei (84,3%), Lutzomyia lenti (5,5%), Lutzomyia longipalpis (4,1%), Lutzomyia intermedia (1,6%), Lutzomyia capixaba (1,4%), Lutzomyia evandroi (1,1%), Lutzomyia trinidadensis (0,8%), Lutzomyia goiana (0,6%), Lutzomyia sordellii (0,5%), Lutzomyia sallesi (0,05%) e Lutzomyia schreiberi (0,05%). A maioria dos espécimes ( i.e. , 77,2%) foi coletada no peridomicílio. Os machos ( n = 3.540) predominaram sobre as fêmeas ( n = 2.100). L. migonei foi a espécie mais abundante, seguida de L. lenti e L. longipalpis , representando juntas 94% dos flebotomíneos coletados.

Conclusão : Os resultados comprovam a presença de flebotomíneos pertencentes a espécies consideradas silvestres dentro e fora das residências. Sugere-se que L. migonei e L. longipalpis estejam envolvidos na transmissão de Leishmania braziliensis e Leishmania infantum , respectivamente, nas aldeias indígenas estudadas.



Palavras-chaves:  Flebotomíneos, Leishmaniose, Leishmania