DIVERSIDADE DE FLEBOTOMÍNEOS EM ALDEIAS INDÍGENAS NO AGRESTE DE PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL |
Introdução : Os flebotomíneos são insetos de grande importância médica e veterinária, devido à sua capacidade de transmitir Leishmania a humanos e animais. As modificações antrópicas são fatores que estão intimamente associados à adaptação dos flebotomíneos silvestres ao intra e peridomicílio, desta forma aumentando o risco de transmissão de Leishmania nesses ambientes. Casos de leishmaniose cutânea e visceral têm sido relatados desde 2007 em aldeias indígenas dos Xukurus do Ororubá, localizadas no agreste do estado de Pernambuco. Objetivo : O objetivo deste estudo foi investigar a diversidade de espécies de flebotomíneos nessas aldeias. Metodologia: De março de 2015 a março de 2016, armadilhas luminosas do tipo CDC foram instaladas no intra e no peridomícílio de três aldeias (Afeto, Guarda e Santana). As armadilhas funcionaram das 17h às 6h, por quatro noites consecutivas de cada mês. Os flebotomíneos capturados foram examinados sob um estereomicroscópio, triados de acordo com o sexo e mantidos em etanol a 70% para posterior identificação morfológica da espécie de acordo com chaves taxonômicas tradicionais. Resultados : No total, 5.640 flebotomíneos pertencentes a 11 espécies foram identificados: Lutzomyia migonei (84,3%), Lutzomyia lenti (5,5%), Lutzomyia longipalpis (4,1%), Lutzomyia intermedia (1,6%), Lutzomyia capixaba (1,4%), Lutzomyia evandroi (1,1%), Lutzomyia trinidadensis (0,8%), Lutzomyia goiana (0,6%), Lutzomyia sordellii (0,5%), Lutzomyia sallesi (0,05%) e Lutzomyia schreiberi (0,05%). A maioria dos espécimes ( i.e. , 77,2%) foi coletada no peridomicílio. Os machos ( n = 3.540) predominaram sobre as fêmeas ( n = 2.100). L. migonei foi a espécie mais abundante, seguida de L. lenti e L. longipalpis , representando juntas 94% dos flebotomíneos coletados. Conclusão : Os resultados comprovam a presença de flebotomíneos pertencentes a espécies consideradas silvestres dentro e fora das residências. Sugere-se que L. migonei e L. longipalpis estejam envolvidos na transmissão de Leishmania braziliensis e Leishmania infantum , respectivamente, nas aldeias indígenas estudadas. |