CONDIÇÕES DE VIDA E HANSENÍASE EM ESTADO DO BAHIA: ANÁLISE PARA A DEFINIÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS
CARLOS DORNELS FREIRE DE SOUZA 1,2, FRANKLIN GERÔNIMO BISPO SANTOS1,2, MÔNICA AVELAR FIGUEIREDO MAFRA MAGALHÃES1,2, CARLOS FEITOSA LUNA1,2
1. FIOCRUZ-RECIFE - Fundação Oswaldo Cruz, 2. UFAL - Universidade Federal de Alagoas, 3. FIOCRUZ- RIO DE JANEIRO - Fundação Oswaldo Cruz
carlos.freire@arapiraca.ufal.br

INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença que guarda estreita relação com as condições sociais e econômicas. O Brasil é o único país que ainda não alcançou a meta de eliminação da doença enquanto problema de saúde pública.   OBJETIVO : Analisar a carência social nos municípios baianos e sua relação com a detecção de casos novos de hanseníase na população. DESENHO DO ESTUDO: Estudo ecológico misto. MÉTODOS : Variáveis analisadas: coeficiente de detecção casos novos, Índice de Carência Social (ICS) e número de casos de hanseníase em menores de 15 anos. O ICS foi construído a partir de quatro variáveis: Índice de Performance Socioeconômica, renda per capita , proporção de extremamente pobres e densidade domiciliar. Essas variáveis foram definidas a partir de modelos de regressão realizados anteriormente. Três grupos de prioridades foram definidos: grupo I (municípios prioritários para hanseníase na população geral), grupo II (silenciosos na população < 15 anos) e grupo II (silenciosos na população geral), tendo como indicador comum a baixa condição de vida. Na análise espacial, utilizou-se Modelagem Bayesiana Empírica Local e estatística de Moran Global e Local. Na análise estatística utilizou-se regressão logística, cálculo do Odds Ratio e análise de variância. Adotou-se significância de 5%. Aprovado CEP nº 2.212.723/2017. RESULTADOS : A hanseníase apresentou distribuição heterogênea no estado, com concentração no eixo norte-oeste e sul. 60,4% (n=252) dos municípios apresentaram muito baixa condição de vida. As áreas de maior carência concentraram-se no nordeste, norte e centro-norte do estado. Observou-se associação espacial entre condições de vida e a detecção da hanseníase, coexistindo grupos de municípios com alta carga da doença e boas condições de vida ao lado de grupos de municípios com alta carga da doença e más condições de vida. O coeficiente de detecção médio no grupo de alta condição de vida foi substancialmente maior (34,1/100 mil) do que no grupo de muito baixa condição (13,5/100 mil) ( p =0,01). O grupo I foi composto por 56 municípios, o grupo II por 100 e o grupo III por 37. DISCUSSÃO : A relação entre condições de vida e hanseníase não é linear.   CONCLUSÃO : Concluiu-se que as piores condições atuaram como um impeditivo ao diagnóstico ao mesmo tempo em que ampliam o risco de adoecimento. As boas condições possuem efeito inverso, isto é, em curto prazo, possibilitam incremento da detecção e, em longo prazo, tem-se a redução real do adoecimento.



Palavras-chaves:  Hanseníase, Pobreza, Condições sociais