TRANSMISSÃO DA HANSENÍASE NA BAHIA: MODELAGEM A PARTIR DE REGRESSÃO POR PONTOS DE INFLEXÃO E ESTATÍSTICA DE VARREDURA ESPACIAL
CARLOS DORNELS FREIRE DE SOUZA 1,2, FRANKLIN GERÔNIMO BISPO SANTOS'1,2, MÔNICA AVELAR FIGUEIREDO MAFRA MAGALHÃES1,2, CARLOS FEITOSA LUNA1,2
1. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz, 2. UFAL - Universidade Federal de Alagoas, 4. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
carlos.freire@arapiraca.ufal.br

INTRODUÇÃO: A hanseníase ainda é um importante problema de saúde pública em muitos países em desenvolvimento, mantendo-se como um desafio a ser superado. O Brasil configura-se sozinho como a única nação a não ter alcançado ainda a eliminação da doença. A Bahia é o maior estado da região nordeste e apresenta endemicidade alta para a hanseníase. OBJETIVO : Analisar a tendência e distribuição espacial da hanseníase no estado da Bahia no período de 2001 a 2015. DESENHO DO ESTUDO: Estudo ecológico misto. MÉTODOS : Foram selecionados dez indicadores epidemiológicos: prevalência, detecção geral e em menores de 15 anos, taxa e proporção de grau II de incapacidade física, proporção de mulheres, multibacilares, cura, abandono e contatos examinados. Utilizou-se joinpoint regression para análise temporal, com classificação da tendência e cálculo do annual percent change-APC (IC95% e p<0,05). A estatística de varredura espacial com modelo de probabilidade de Poisson foi utilizada para a identificação de clusters da doença e risco relativo. Aprovado CEP nº 2.212.723/2017. RESULTADOS : Observou-se tendência de declínio da prevalência (-5,6%; p<0,05), da proporção de mulheres (-0,6%; p<0,05) e do abandono (-13,7%; p<0,05); crescimento significativo da proporção de multibacilares (2,2%; p<0,05) e da taxa de grau II de incapacidade (2,7%; p<0,05). Os demais indicadores apresentaram padrão estacionário.  A distribuição espacial foi heterogênea com concentração em três regiões de destaque (norte, oeste e sul do estado). Para a população geral, o cluster com maior risco relativo (RR 5,3; p<0,001) envolveu cinco municípios situado no norte do estado. Para a população menor de 15 anos, o maior risco foi observado em cluster situado na região sul (RR 4,31; p<0,001). Essa porção do estado também apresentou o maior risco para incapacidades físicas no diagnóstico (RR 4,11; p<0,001). DISCUSSÃO : A manutenção da cadeia de transmissão pode ter como causas a falta de políticas públicas estruturais, problemas operacionais e a pouca oferta de serviços de qualidade para o diagnóstico e acompanhamento dos doentes. A heterogeneidade espacial, observada em diferentes escalas coloca em evidência os locais com maior necessidade de intervenção. CONCLUSÃO : O estudo mostrou evidências consistentes de persistência da cadeia de transmissão da hanseníase na Bahia, diagnóstico tardio e elevada prevalência oculta.



Palavras-chaves:  hanseníase, Analise espacial, doença negligenciada