REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO DE microRNAs EM UM MODELO EXPERIMENTAL DE DOENÇA DE CHAGAS: EFEITO DE TERAPIA COM BENZNIDAZOL E PENTOXIFILINA NA CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA
PRISCILA SILVA GRIJÓ FARANI 1, LEONARDO ALEXANDRE SOUZA RUIVO1, DANIEL GIBALDI1, JOSELI LANNES VIEIRA1, OTACILIO DA CRUZ MOREIRA1
1. IOC - Instituto Oswaldo Cruz
priscilafarani@hotmail.com

Atualmente, estima-se que 6-7 milhões de pessoas estejam infectadas por Trypanosoma cruzi, e cerca de 65 milhões estejam expostas a risco de infecção. A cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) é a forma mais frequente e grave da doença de Chagas (DC). MicroRNAs (miRNAs) são pequenas moléculas de RNA de fita simples, que agem na regulação da expressão gênica. Neste estudo, propomos a avaliação da expressão dos miR-145-5p e miR-146b-5p em coração de camundongos C57BL/6 tratados ou não com Benznidazol (Bz) e/ou Pentoxifilina (PTX, inibidor de fosfodiesterase que apresenta ação anti-inflamatória e cardioprotetora), e em cultivo de cardiomioblastos da linhagem H9C2 infectados experimentalmente com T. cruzi. Para isso, camundongos foram infectados intraperitonealmente com tripomastigotas de T. cruzi, cepa Colombiana (TcI). Após 120 dias, animais com CCC e controles não-infectados receberam salina, PTX (20mg/kg, intraperitonealmente) e/ou Bz (25mg/kg/dia, gavagem) diariamente, por 30 dias. O isolamento de RNA total foi realizado em tecidos cardíacos utilizando o mirVana™ isolation kit (Invitrogen). A transcrição reversa foi realizada com o TaqMan® MicroRNA Reverse Transcription kit (Applied Biosystems), e a expressão dos miRNAs especificos foi medida com TaqMan® MicroRNA Assays (Applied Biosystems). Para os ensaios in vitro, cardiomioblastos da linhagem H9C2 (5x103 células/ poço) foram semeadas em placas de 24 poços. Culturas foram infectadas com T. cruzi nas proporções de 5:1, 10:1 e 20:1, durante 4 horas. A liberação de tripomastigotas foi observada a partir de 48 horas pós infecção (0.3250 ± 0.0 x 105 parasitos/mL), com aumento após 72 (0.86 ± 0.05 x 105 parasitos/mL), 120 (13.25 ± 2,.8 x 105 parasitos/mL) e 144 horas (40.25 ± 11.67 x 105 parasitos/mL), corroborando a competência da H9C2 na manutenção do ciclo de vida do parasito. Também foi possível observar diferenças significativas entre os diferentes inóculos e tempos pós infecção. Na qPCR, resultados preliminares sugerem uma diminuição da expressão de miR-145b e um aumento na expressão de miR-146b-5p, 4h pós-infecção. Em tecido cardíaco de camundongos, observamos um aumento na expressão de miR-146b-5p entre os grupos controle e infectado, tratados ou não com Bz e/ou PTX. Sendo assim, estes resultados preliminares mostram-se promissores para a análise do envolvimento do miR-146b-5p na cardiomiopatia chagásica crônica.

Palavras-chaves:  Cardiomiopatia Chagásica, Doença de Chagas, MicroRNAs, miR-146b