CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR HELMINTOS TRANSMITIDOS PELO SOLO EM PRAÇAS E PARQUES PÚBLICOS NO BRASIL - REVISÃO SISTEMÁTICA DE 20 ANOS DE PUBLICAÇÃO |
Estima-se que mundialmente há mais de um bilhão de indivíduos infectados com helmintíases transmitidas pelo solo (HTS), que tem Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Toxocara e ancilostomídeos como agentes etiológicos. As HTS são adquiridas principalmente pela exposição ao solo, água ou alimentos contaminados com fezes. Crianças representam o principal grupo de risco devido aos precários hábitos de higiene, geofagia e onicofagia. Sendo frequentemente infectadas após exposição ao solo contaminado, durante recreação em parques e praças. As HTS afetam o equilíbrio nutricional infantil, geram complicações como obstrução intestinal, prolapso retal, distúrbios neurológicos e depauperamento físico e mental. A proximidade com animais domésticos como cães e gatos é um agravante, sob a ótica epidemiológica. O objetivo foi realizar uma revisão sistemática dos estudos publicados nos últimos 20 anos sobre contaminação ambiental de praças e parques públicos por ovos e larvas de HTS no Brasil. As recomendações de Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis ( PRISMA) foram utilizadas. Utilizamos as bases Pubmed , Scopus e Scielo com as palavras-chave “ helminths, soil, squares, parks, Brazil ”. Foram incluídos estudos com amostras de solo e excluídos aqueles com amostras de outra natureza, trabalhos de revisão e realizados no exterior. Encontramos 286 artigos, sendo 15 elegíveis, 11 realizados na região sudeste e 4 na região no sul. São Paulo é o estado que concentra o maior número de trabalhos (7/11). A prevalência média foi 65,66%, sendo Toxocara sp. mais prevalente , seguido de ancilostomídeos e A. lumbricoides. Técnicas de exame parasitológico de fezes foram empregadas, sendo o método de Faust o mais utilizado. A contaminação ambiental por parasitos é uma realidade no Brasil, configurando elevado fator de risco para o desenvolvimento de HTS e zoonoses. É evidente a carência de estudos fora das regiões sudeste e sul. A adoção de medidas simples como cercamento de praças reduz a contaminação. Os dados dessa revisão contribuem para melhor compreensão do cenário epidemiológico das HTS no Brasil e sinalizam para necessidade de revisão das políticas públicas e estratégias de enfrentamento das HTS devido aos danos à qualidade de vida da população, em especial a infantil. |