DEMONSTRAÇÃO EFICÁCIA DO DERIVADO MEFLOQUINA WV-41 EM CAMUNDONGOS INFECTADOS COM O PLASMODIUM BERGHEI.
BRUNO SANTOS ARAÚJO 1, CAMILA CARVALHO COUTO1, WILMER VILLARREAL1, ALZIR BATISTA1, MILENA B. P. SOARES1, DIOGO R. M. MOREIRA1
1. IGM/FIOCRUZ - Instituto Gonçalo Moniz/FIOCRUZ, 2. UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Química
BRUNOARAUJO16.1@BAHIANA.EDU.BR

A malária é uma das doenças infecciosas de maior incidência e que mais leva a óbito no mundo. Os fármacos disponíveis são capazes de combater o parasita no ciclo intraeritrocítico, no entanto há cepas resistentes ao tratamento com quinolinas e artemisininas. Além disso, a maioria dos fármacos não eliminam as formas sexuadas do parasita, responsáveis pela transmissão, nem os hipnozoítos, fase hepática latente causadora das recidivas da doença. Em virtude disso, é necessário identificar novos fármacos antimaláricos. Neste trabalho, a eficácia como antimalárico foi estudada em detalhes para o derivado da mefloquina WV-41, previamente caracterizado como um composto sintético com atividade antiparasitária in vitro potente e seletiva ao P. falciparum . Eficácia foi estudada em camundongos Swiss Webster infectados com a cepa NK65 do P. berghei usando dois modelos de intervenção terapêutica: supressão parasitemia (teste de Peters) e o de cura (teste de Thompson). Toxicidade aguda foi estimada em camundongos não-infectados usando dose equivalente ao quatro dias de tratamento do teste Peters. Tratamentos com a mefloquina ou do seu derivado WV-41 foram realizados por via intraperitoneal e a parasitemia e sobrevivência foram monitoradas, além da determinação da dose efetiva para reduzir 50 % da carga parasitária (DE 50 ). O derivado WV-41 foi capaz de suprimir a parasitemia de maneira dependente da dose no teste de Peters, apresentando valor de DE 50 = 5.7 µmol/kg, enquanto que a mefloquina apresentou DE 50 = 7.3 µmol/kg. Na dose de 22 µmol/kg (DE 99 ), o derivado WV-41 conferiu 100 % de sobrevivência dos animais, enquanto que a mefloquina nesta mesma dose, somente 60 % dos animais sobreviveram. No teste de Thompson, a mefloquina e o derivado WV-41 resultaram em taxa de cura de 16 e 33 % dos animais, respectivamente. Por último, os experimentos para estimar a toxicidade aguda revelaram que a administração de 88 µmol/kg do derivado WV-41 nao foi letal nem alterou o comportamento dos camundongos observados por 24 h após tratamento. Concluímos que o derivado WV-41 possui eficácia superior a mefloquina em suprimir e curar camundongos infectados com o P. berghei e que isso foi alcançado de maneira seletiva, sem induzir efeitos tóxicos aparentes aos camundongos. A demonstração que WV-41 possui eficácia in vivo representa uma etapa importante na consolidação deste candidato no desenvolvimento de um novo antimalárico.

 



Palavras-chaves:  Malária, Mefloquina, Plasmodium