PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE INDIVÍDUOS COM HIV/AIDS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA |
O tratamento antirretroviral aumentou a expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV (PVHIV) devido à redução da mortalidade por infecções oportunistas e outras doenças relacionadas à Aids, convertendo-a em uma doença crônica com bom prognóstico quando o tratamento é iniciado precocemente e de forma contínua. No entanto, indivíduos com imunossupressão avançada (contagem de linfócitos T CD4+ abaixo de 200 células/mm 3 ) podem apresentar condições que requeiram cuidados intensivos. O objetivo deste estudo é descrever o perfil clínico-epidemiológico de adultos internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de referência em HIV/Aids do Estado de Pernambuco. Foi conduzido um estudo observacional, retrospectivo, a partir dos registros de todos os adultos portadores de HIV internados na UTI do Hospital Correia Picanço de julho de 2016 a maio de 2018. Consideramos os indivíduos com mais de 24 horas de estadia na UTI e apenas o primeiro internamento daqueles com mais de uma admissão. No período de observação, 210 PVHIV foram internadas na unidade, sendo 76% do sexo masculino. A mediana de idade foi de 39 anos. Apenas 31,9% faziam uso de antirretrovirais na admissão. A maioria dos pacientes (57%) tiveram o diagnóstico de infecção pelo HIV há 1 ano ou menos. A principal causa de internamento foi insuficiência respiratória, responsável por 50% das admissões. Um em cada cinco pacientes foi admitido diretamente na UTI ao chegar no hospital. A média do APACHE II foi de 22,4 pontos (40% de mortalidade esperada). A maioria dos pacientes necessitaram de droga vasoativa (68%) e ventilação mecânica invasiva (90%). Infecções oportunistas foram tratadas em 92%. A mortalidade foi de 58%. A ocorrência de infecções oportunistas, que podem levar à insuficiência respiratória e renal, envolvimento neurológico e sepse, em mais de 90% dos pacientes, pode justificar a elevada taxa de mortalidade observada. Por outro lado, é possível que o APACHE II subestime a mortalidade nessa população por não considerar a infecção pelo HIV como um fator de risco. Adultos jovens com diagnóstico de infecção pelo HIV há menos de um ano, que se apresentaram com doença avançada e insuficiência respiratória foram responsáveis pela maioria dos casos que necessitaram de UTI. A maioria não fazia uso de antirretrovirais na admissão e foram tratados para infecção oportunista. Palavras-chave: HIV, Infecções oportunistas, Insuficiência respiratória, Mortalidade, Terapia intensiva |