ACIDENTES POR ARRAIAS DE ÁGUA DOCE ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DOUTOR HEITOR VIEIRA DOURADO |
Os acidentes por arraias de água doce são comuns na região Amazônica. As principais vítimas são os pescadores, ribeirinhos e indígenas. As manifestações clínicas mais frequentes são dor intensa, edema e eritema, podendo evoluir para infecções bacterianas, úlceras e necrose. O objetivo desse estudo é descrever o perfil clínico-epidemiológico dos acidentes por arraias de água doce na região Amazônica. Desta forma, realizou-se um estudo transversal retrospectivo dos acidentes por arraia de água doce atendidos na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, Manaus, no período de 1997 a 2016. Foram incluídos neste estudo todos os acidentes por arraias de água doce. Os dados foram obtidos de prontuários dos pacientes atendidos na Fundação. Encontrou-se 24 prontuários de acidentes por arraias de água doce durante esse período. Os acidentes predominaram no sexo masculino (83,3%). Todos os acidentes ocorreram na faixa etária entre 15 e 65 anos, e foram nos membros inferiores, principalmente nos pés (79,1%). Não se observou sazonalidade nos acidentes. A zona rural (73,9%) foi a de maior predomínio dos acidentes, em 6 prontuários não foi encontrada essa descrição. Somente 3 registros descreveram a atividade desenvolvida no momento do agravo, que estava relacionada ao lazer. Apenas 1 prontuário relatou a ocupação da vítima (pescador). 20,8% dos pacientes chegaram a assistência médica em até 24h, 20,8% chegaram entre 24h e 7 dias, 33,3% demoraram >7 dias e 25% não relataram o tempo até a chegada. O tempo de internação hospitalar variou de 1 a 17 dias. Todos tiveram alta com melhora do quadro. Dentre os principais sinais e sintomas destacam-se dor (75%), edema (50%), eritema (25%), sangramento local (16,6%) e equimose (12,5%). As complicações locais foram infecção secundária (55,5%), úlcera (16,6%) e necrose cutânea (12,5%). Somente 1 paciente teve registro no prontuário de manifestações sistêmicas, que foram náuseas, vômitos e tontura. O protocolo terapêutico institucional utilizou antibiótico, vacina antitetânica, analgésicos e antiinflamatórios. Parte dos dados do presente estudo coincidem com o perfil clínico-epidemiológico encontrado na literatura, embora não tenha havido sazonalidade. São necessários estudos que possam identificar fatores para gravidade a fim de auxiliar na elaboração de protocolos institucionais de atendimento, bem como em condutas precoces para identificar e prevenir complicações nestes agravos. |