ACIDENTES POR ARRAIAS DE ÁGUA DOCE ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DOUTOR HEITOR VIEIRA DOURADO
ELIZANDRA FREITAS DO NASCIMENTO1, ELIANE CAMPOS ALVES1, SÂMELLA SILVA DE OLIVEIRA1, LYBIA KÁSSIA SANTOS SARRAFF1, PEDRO FERREIRA BISNETO1, ALESSANDRA DOS SANTOS1, JOÃO ARTHUR ALCÂNTARA 1, WUELTON MARCELO MONTEIRO1, JACQUELINE DE ALMEIDA GONÇALVES SACHETT1
1. FEA - Faculdade Estácio do Amazonas, 2. FMT-HVD - Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, 3. UEA - Universidade do Estado do Amazonas, 4. UNINORTE - Centro Universitário do Norte, 5. UFAM - Universidade Federal do Amazonas
jacenfermagem@hotmail.com

Os acidentes por arraias de água doce são comuns na região Amazônica. As principais vítimas são os pescadores, ribeirinhos e indígenas. As manifestações clínicas mais frequentes são dor intensa, edema e eritema, podendo evoluir para infecções bacterianas, úlceras e necrose. O objetivo desse estudo é descrever o perfil clínico-epidemiológico dos acidentes por arraias de água doce na região Amazônica. Desta forma, realizou-se um estudo transversal retrospectivo dos acidentes por arraia de água doce atendidos na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, Manaus, no período de 1997 a 2016. Foram incluídos neste estudo todos os acidentes por arraias de água doce. Os dados foram obtidos de prontuários dos pacientes atendidos na Fundação. Encontrou-se 24 prontuários de acidentes por arraias de água doce durante esse período. Os acidentes predominaram no sexo masculino (83,3%). Todos os acidentes ocorreram na faixa etária entre 15 e 65 anos, e foram nos membros inferiores, principalmente nos pés (79,1%). Não se observou sazonalidade nos acidentes. A zona rural (73,9%) foi a de maior predomínio dos acidentes, em 6 prontuários não foi encontrada essa descrição. Somente 3 registros descreveram a atividade desenvolvida no momento do agravo, que estava relacionada ao lazer. Apenas 1 prontuário relatou a ocupação da vítima (pescador). 20,8% dos pacientes chegaram a assistência médica em até 24h, 20,8% chegaram entre 24h e 7 dias, 33,3% demoraram >7 dias e 25% não relataram o tempo até a chegada. O tempo de internação hospitalar variou de 1 a 17 dias. Todos tiveram alta com melhora do quadro. Dentre os principais sinais e sintomas destacam-se dor (75%), edema (50%), eritema (25%), sangramento local (16,6%) e equimose (12,5%). As complicações locais foram infecção secundária (55,5%), úlcera (16,6%) e necrose cutânea (12,5%). Somente 1 paciente teve registro no prontuário de manifestações sistêmicas, que foram náuseas, vômitos e tontura. O protocolo terapêutico institucional utilizou antibiótico, vacina antitetânica, analgésicos e antiinflamatórios. Parte dos dados do presente estudo coincidem com o perfil clínico-epidemiológico encontrado na literatura, embora não tenha havido sazonalidade. São necessários estudos que possam identificar fatores para gravidade a fim de auxiliar na elaboração de protocolos institucionais de atendimento, bem como em condutas precoces para identificar e prevenir complicações nestes agravos.



Palavras-chaves:  Envenenamento, Arraias, Região Amazônica