AVALIAÇÃO DO PERFIL DE ENZIMAS DETOXIFICADORAS E O CUSTO BIOLÓGICO ASSOCIADO EM POPULAÇÕES DE Aedes aegypti RESISTENTES AO INSETICIDA TEMEPHOS |
O uso contínuo do inseticida temephos, que fora intensamente empregado no contexto do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), gerou considerável resistência nas populações naturais de Aedes aegypti . Estudos demonstraram que tal resistência é promovida principalmente pela alteração de enzimas detoxificadoras nos mosquitos. O objetivo desse estudo foi avaliar o nível de alteração de enzimas associadas com a resistência ao temephos e identificar possíveis custos biológicos nas populações de A. aegypti . Os testes foram realizados utilizando uma população de A. aegypti resistente de campo (Pernambuco) e três linhagens isogenéticas de A. aegypti : RecR; RecRNEx; e RecRev, sendo esta ultima susceptível e portanto usada como grupo controle. As enzimas avaliadas foram as seguintes: Oxidases de Função Mista (MFO); Glutationa-S-Transferases (GSTs); e as Esterases (alfa, beta e PNPA). Para observar a existência de custos biológicos associados à resistência foram analisados os seguintes parâmetros: a morfometria geométrica alar; o potencial reprodutivo (tabela de vida de fertilidade); e o potencial energético (quantificação de reservas metabólicas). Todas as amostras resistentes ao temephos apresentaram alteração na atividade de pelo menos duas das enzimas analisadas. O tamanho, inferido pela morfometria alar mostraram valores similares entre a RecRev (controle) e a resistente de campo (Arcoverde), e diferentes estatisticamente (p<0,05) das linhagens resistentes RecRNex e RecR, havendo a nítida formação de dois clusters. A análise da tabela de vida de fertilidade revelou que as populações resistentes ao temephos apresentavam desvantagens reprodutivas em relação à população susceptível, com redução nos valores das variáveis: Ro (taxa liquída de reprodução); T (tempo geracional); rm (capacidade inata de aumentar em número) e λ (razão finita de aumento), assim como, um maior TD (tempo necessário para duplicação do número de indivíduos). Além disso, houve perdas significativas (p<0,05) de reservas energéticas nos mosquitos resistentes de laboratório em relação ao controle. Os resultados encontrados neste estudo apontam a existência de um elevado custo adaptativo associado à manutenção do mecanismo de resistência ao temephos, sobretudo nos grupos laboratoriais. Apesar desse custo, as populações altamente resistentes ao temephos podem compensar perdas do potencial biótico e superar com sucesso as ações de controle baseadas no uso de inseticidas químicos. |