ASSOCIAÇÃO ENTRE PLAQUETOPENIA E MANIFESTAÇÕES HEMORRÁGICAS NOS ACIDENTES BOTRÓPICOS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM DOENÇAS TROPICAIS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
HILDEGARD LOREN REBOUÇAS SANTOS 1, ANDRÉ ALEXANDRE DOS SANTOS GOMES1, ANDERSON DA SILVA SOUZA1, BRUNA ANDRESSA JUNG DA SILVA1, GYORLAN ALFAIA DE SOUZA1, REBECA ALECRIM BESSA1, NATHÁLIA CAROLINE VASCONCELOS JEAN SALES1, SÂMELLA SILVA DE OLIVEIRA1, JACQUELINE DE ALMEIDA GONÇALVES SACHETT1, VANDERSON DE SOUZA SAMPAIO1, GISELY CARDOSO DE MELO1, WUELTON MARCELO MONTEIRO1
1. ESA/UEA - Universidade do Estado do Amazonas/Escola Superior de Ciências da Saúde, 2. FMT-HVD - Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado  , 3. UNL - Universidade Nilton Lins
hlrs.med@uea.edu.br

Os acidentes ofídicos são considerados um problema de saúde mundialmente negligenciado, que afeta preponderantemente países pobres com economia rural. Apesar de alguns estudos sobre o tema na Amazônia brasileira, ainda há escassez de dados na literatura sobre os acidentes ofídicos e seu quadro clínico como as manifestações hemorrágicas. Diante disso, o objetivo deste estudo é verificar a associação entre plaquetopenia e manifestações hemorrágicas sistêmicas (MHS) em vitimas de acidentes botrópicos atendidos em um hospital de referência em doenças tropicais na Amazônia Brasileira. Para isso, foi realizado um estudo descritivo de série de casos, retrospectivo, com abordagem quantitativa, a partir de dados clínico-epidemiológicos e laboratoriais obtidos de prontuários eletrônicos de pacientes com diagnóstico clínico-epidemiológico de acidente botrópico atendidos no período de agosto de 2013 a julho de 2016. Nesse período 419 acidentes botrópicos foram atendidos. A maioria dos casos envolveu o gênero masculino (78,3%), na faixa etária de 10 a 40 anos (54,9%), e ocorreram, principalmente, na zona rural (88,7%). A parte do corpo mais acometida pelo acidente foi o pé (64,1%). Quanto ao tempo de atendimento, 42,5% dos casos receberam assistência médica nas primeiras 3 horas após o acidente. Quanto à gravidade, 50% dos casos foram classificados como moderados. As MHS foram encontradas em 13,8% dos casos. Gengivorragia (39,6%), hemorragia conjuntival (25,9%) e macrohematúria (24,1%) foram as mais frequentes. A incoagulabilidade sanguínea foi verificada em 57,8% dos casos. Em 8,8% dos pacientes as plaquetas estavam abaixo de 150.000/mm³. A plaquetopenia foi associada com as MHS [adjusted OR=4,4 (95% CI=2,13-9,07); p<0,000]. O conhecimento da plaquetopenia como fator associado às MHS nos acidentes botrópicos pode contribuir para o manejo desse agravo no serviço de saúde.



Palavras-chaves:  envenenamento, plaquetopenia, sangramentos, botrópicos, complicações