ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLOGIA DOS ACIDENTES CAUSADOS POR ARANHAS NO ESTADO DO AMAZONAS, BRASIL, NO PERÍODO DE 2007 A 2013
ANDRÉ ALEXANDRE DOS SANTOS GOMES1, HILDEGARD LOREN REBOUÇAS SANTOS 1, BRUNA ANDRESSA JUNG DA SILVA1, ANDERSON DA SILVA SOUZA1, GYORLAN ALFAIA DE SOUZA1, REBECA ALECRIM BESSA1, NATHÁLIA CAROLINE VASCONCELOS JEAN SALES1, JOÃO ARTHUR ALCÂNTARA1, SÂMELLA SILVA DE OLIVEIRA1, JACQUELINE DE ALMEIDA GONÇALVES SACHETT1, VANDERSON DE SOUZA SAMPAIO1, GISELY CARDOSO DE MELO1, WUELTON MARCELO MONTEIRO1
1. ESA/UEA - Universidade do Estado do Amazonas/Escola Superior de Ciências da Saúde, 2. FMT-HVD - Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado  , 3. UNL - Universidade Nilton Lins
hlrs.med@uea.edu.br

O araneísmo é um problema de saúde pública, de ampla distribuição geográfica, e que deixa diversas sequelas, sendo o seu tratamento bastante oneroso para o sistema de saúde. O objetivo deste trabalho foi descrever os aspectos epidemiológicos do araneísmo e verificar os fatores associados à gravidade e retardo do atendimento no estado do Amazonas, Brasil. Tratou-se de um de caso-controle, utilizando os casos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do araneísmo (SINAN), entre janeiro de 2007 e dezembro de 2012. Foram registrados 737 caso de araneísmo, em 55 dos 62 municípios do estado, dando uma incidência anual média de 4 casos/100.000 habitantes, com pico no ano de 2012 (7 casos/100.000 habitantes). Em 71,6% dos registros não foi possível determinar o gênero da aranha. Dentre os casos identificados, o loxocelismo foi o mais frequente (15,7%), seguido do foneutrismo (11,7%) e latrodectismo (1%). Os acidentes ocorreram na maioria na zona rural (59,5%). O gênero masculino foi o mais acometido (66,2%). A faixa etária mais atingida foi a de 31 a 45 anos de idade (26,9%). Os membros superiores foram os mais atingidos (51,9%). A maioria (81,8%) das vítimas recebeu atendimento nas primeiras 6 horas. Houve um aumento gradativo no número de acidentes por aranhas de dezembro a junho, sendo o mês de junho o com maior número de casos. Quanto à gravidade, 70,7% dos casos foram classificados como leve, 25,4% como moderados e 1,7% como graves. Observamos que 71,7% dos casos apresentaram algum tipo de manifestação clínica local, sendo as mais comuns a dor (98,1%) e o edema (67,2%). Manifestações sistêmicas foram relatadas em 9,3% dos pacientes, sendo as vagais (37,9%) e as neuroparalíticas (36,7%) as mais frequentes. Foram notificados 2 óbitos causados por araneísmo (0,3%). Nas analises de RL, um índice de desenvolvimento humano abaixo da mediana foi independentemente associado com casos moderados e graves (p=0.02). As picadas na cabeça e nos membros superiores foram independentemente associadas com um menor tempo até o atendimento (p=0.01). O araneísmo apresenta uma ampla distribuição no Estado do Amazonas acometendo especialmente indivíduos do sexo masculino em áreas rurais. Estratégias orientadas a melhorar as condições socioeconômicas poderiam ter um impacto na severidade deste problema de saúde publica na região.  

 



Palavras-chaves:  Araneísmo, Epidemiologia, Efeitos adversos, Envenenamento, Dosagem