PAPEL DA ESPÉCIE Achatina fulica NA TRANSMISSÃO DO Angiostrongylus cantonensis - UMA REVISÃO INTEGRATIVA
KARLA GOMES CUNHA 1, RAQUEL COSTA E SILVA1, TÚLIO CHAVES MENDES1, CLENIO DUARTE QUEIROGA1, JOSIMAR DOS SANTOS MEDEIROS1
1. UEPB - UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIBA
karla.gomes.c@hotmail.com

A infecção humana por Angiostrongylus cantonesis ocorre acidentalmente a partir da ingestão direta de moluscos ou por contato com o muco desses animais. Este helminto é parasita habitual de roedores silvestres e urbanos, onde os vermes adultos evoluem no interior das artérias pulmonares. Este parasito era considerado exótico há alguns anos, e sua ocorrência recente no Brasil está ligada a mudanças ambientais geradas pela introdução de um potencial vetor – um molusco trazido da África com objetivo de alimentação humana – o Achatina fulica. Deste modo, o objetivo deste trabalho é discutir o papel do caracol gigante africano na transmissão do A. cantonesis. Nesta pesquisa foi realizada uma revisão de literatura integrativa sobre o parasita A. cantonesis e o molusco A. fulica . A pesquisa foi realizada entre setembro de 2017 e maio de 2018. A busca nos bancos de dados foi realizada com a utilização do portal Periódicos Capes. Para a pesquisa foram utilizados os descritores “ Angiostrongylus cantonesis ” e “ Achatina fulica ” no método de busca avançada, utilizando o operador booleano “AND”, com opções de pesquisa de artigos em todos os bancos de dados disponíveis, indexados nos últimos 100 anos. A busca retornou 18 publicações. O relato do parasitismo por A. cantonesis é mais frequente em países asiáticos, entretanto, sua ocorrência já foi registrada nas Américas e na Austrália. No Brasil, a notificação de casos humanos e de infecção natural em moluscos por A. cantonesis é relativamente recente. Em 2007 foram reportados dois casos de meningite eosinofílica, no Município de Cariacica (ES), cujo contágio foi relacionado ao consumo de moluscos terrestres in natura , especialmente o A. fulica, que hoje é encontrado em praticamente todos os estados brasileiros, mas foi introduzido no Brasil apenas em 1988, durante uma feira de agricultura no Paraná, pois se achava que poderia substituir o molusco usado como alimento Helix aspersa , conhecido como escargot. Desde então, foram confirmados 34 casos da infecção em pacientes de Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. O molusco é encontrado tanto em áreas urbanas quanto rurais e fica muito próximo das pessoas. O contato frequente da população com o molusco facilita a transmissão, o que deve alertar as autoridades para ampliar o controle ambiental sobre os possíveis moluscos vetores, em especial do A. fulica .



Palavras-chaves:  caracol gigante africano, meningite eosinofílica, escargot