FREQUÊNCIA DE SINAIS OBSERVADOS AO EXAME FÍSICO DE CÃES COM LEISHMANIOSE VISCERAL
TIAGO SENA DE ANDRADE1, MARIANA OLIVEIRA MENDES 1, RAFAELA DE SOUSA GONÇALVES 1, ROSECLEA CHAGAS DOS SANTOS1, FLAVIANE ALVES DE PINHO1, DANIELA FARIAS LARANGEIRA1, STELLA MARIA BARROUIN-MELO1
1. LIVE-HOSPMEV-UFBA - Laboratório de Infectologia Veterinária, Hospital de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia
rafa.gon@hotmail.com

A literatura especializada vem demonstrando que os quadros clínicos mais graves no cão são associados, dentre outros fatores, a uma maior carga parasitária de L. infantum no organismo, aspecto com importantes implicações em Saúde Única, tendo em vista a transmissão vetorial e a abrangência zoonótica dessa infecção. Assim, para um controle eficaz da endemia, se faz necessário um profundo entendimento da leishmaniose visceral canina (LVC), e para isso é crucial conhecer a apresentação clínica associada à infecção natural. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi descrever os sinais apresentados por cães provenientes de várias regiões endêmicas do Estado da Bahia, atendidos no Hospital-Escola de Medicina Veterinária da UFBA. No período entre janeiro/2017 e fevereiro/2018, foram atendidos 90 cães com suspeita clínica de LV, dentre os quais 43% (39/90); apresentaram resultados positivos para, DNA de L. infantum em análises por PCR qualitativa em amostras de baço. Os sinais observados foram divididos em tegumentares e viscerais. Observou-se que 41% (16/39) dos cães apresentavam emagrecimento, 33,3% (13/39) apresentavam linfadenomegalia e em 30,8% (12/39) o baço estava palpável. Além disso, 35,9%(14/39) dos cães apresentavam oftalmopatia, 17,9%(7/39) mucosas hipocoradas, 28,2%(11/39) estavam apáticos, 12,8%(5/39) apresentaram febre e apenas 7,7%(3/39) apresentaram epistaxe. Alterações tegumentares foram observadas em 89,7%(35/39) dos cães, das quais 31,4%(11/35) caracterizavam-se por dermatopatia por vasculite; 40%(14/35) úlceras; 28,6%(10/35) descamação; 34,2% (12/35) alopecia; 45,7% (16/35) hiperqueratose; 37,1% (13/35) crostas; 14,3% (5/35) despigmentação e 20% (7/35) com nódulos . A onicogrifose, presente em 40%(14/35) dos cães é um achado comumente reportado, e ocorre devido à inflamação da matriz ungueal. A apatia é associada à doença visceral, caracterizada por disfunção orgânica, que compromete a saúde metabólica dos cães. Epistaxe e febre podem estar relacionadas a coinfecções nos animais portadores da LV. Esplenomegalia e linfadenomegalia são sinais associados à imunomodulação causada pela infecção. As oftalmopatias são consequência de inflamação por deposição de imunocomplexos na estrutura ocular. Conclui-se que os sinais clínicos tegumentares mais comuns em cães com infecção natural por L. infantum foram hiperqueratose, úlceras e crostas, enquanto os viscerais mais comuns foram emagrecimento, oftalmopatias e linfadenomegalia.



Palavras-chaves:  Caninos, Leishmania infantum, Sinais clínicos