FREQUÊNCIA DE SINAIS OBSERVADOS AO EXAME FÍSICO DE CÃES COM LEISHMANIOSE VISCERAL |
A literatura especializada vem demonstrando que os quadros clínicos mais graves no cão são associados, dentre outros fatores, a uma maior carga parasitária de L. infantum no organismo, aspecto com importantes implicações em Saúde Única, tendo em vista a transmissão vetorial e a abrangência zoonótica dessa infecção. Assim, para um controle eficaz da endemia, se faz necessário um profundo entendimento da leishmaniose visceral canina (LVC), e para isso é crucial conhecer a apresentação clínica associada à infecção natural. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi descrever os sinais apresentados por cães provenientes de várias regiões endêmicas do Estado da Bahia, atendidos no Hospital-Escola de Medicina Veterinária da UFBA. No período entre janeiro/2017 e fevereiro/2018, foram atendidos 90 cães com suspeita clínica de LV, dentre os quais 43% (39/90); apresentaram resultados positivos para, DNA de L. infantum em análises por PCR qualitativa em amostras de baço. Os sinais observados foram divididos em tegumentares e viscerais. Observou-se que 41% (16/39) dos cães apresentavam emagrecimento, 33,3% (13/39) apresentavam linfadenomegalia e em 30,8% (12/39) o baço estava palpável. Além disso, 35,9%(14/39) dos cães apresentavam oftalmopatia, 17,9%(7/39) mucosas hipocoradas, 28,2%(11/39) estavam apáticos, 12,8%(5/39) apresentaram febre e apenas 7,7%(3/39) apresentaram epistaxe. Alterações tegumentares foram observadas em 89,7%(35/39) dos cães, das quais 31,4%(11/35) caracterizavam-se por dermatopatia por vasculite; 40%(14/35) úlceras; 28,6%(10/35) descamação; 34,2% (12/35) alopecia; 45,7% (16/35) hiperqueratose; 37,1% (13/35) crostas; 14,3% (5/35) despigmentação e 20% (7/35) com nódulos . A onicogrifose, presente em 40%(14/35) dos cães é um achado comumente reportado, e ocorre devido à inflamação da matriz ungueal. A apatia é associada à doença visceral, caracterizada por disfunção orgânica, que compromete a saúde metabólica dos cães. Epistaxe e febre podem estar relacionadas a coinfecções nos animais portadores da LV. Esplenomegalia e linfadenomegalia são sinais associados à imunomodulação causada pela infecção. As oftalmopatias são consequência de inflamação por deposição de imunocomplexos na estrutura ocular. Conclui-se que os sinais clínicos tegumentares mais comuns em cães com infecção natural por L. infantum foram hiperqueratose, úlceras e crostas, enquanto os viscerais mais comuns foram emagrecimento, oftalmopatias e linfadenomegalia. |