AVALIAÇÃO DA MEDULA ÓSSEA DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS POR Leishmania sp. |
A leishmaniose visceral causada por Leishmania infantum é uma doença parasitária crônica de importância médico-veterinária e na Saúde Única. O tecido medular ósseo é um sítio preferencial de proliferação de L. infantum e sua avaliação pode contribuir para definição de um prognóstico clínico na leishmaniose visceral canina (LVC). Assim, o objetivo do presente estudo foi descrever as alterações citopatológicas da medula óssea de cães naturalmente infectados por L. infantum . Vinte cães com infecção por L. infantum confirmada PCR qualitativa de aspirados esplênicos, atendidos no Hospital-Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, provenientes de diversas áreas endêmicas no estado da Bahia, foram incluídos no estudo. Nenhum dos cães havia recebido tratamento prévio para a doença. Amostras de medula óssea foram obtidas para a realização do mielograma e avaliação do estoque de ferro. No mielograma, observou-se que 80% (16/20) dos cães infectados tinham formas amastigotas de Leishmania sp., extra e intracelularmente, na medula óssea, enquanto 20% (4/20) não apresentavam amastigotas ao exame citológico da medula. Dentre as alterações observadas nas linhagens eritroide, mieloide e megacariocítica, as mais frequentes foram hipoplasia da série eritroide em 50% (10/20) dos casos, hiperplasia da série mieloide em 35% (7/20) e hipoplasia da série megacariocítica em 15% (3/20). A maioria dos cães infectados apresentava estoque de ferro medular adequado (69%, 11/16). Os cães cujo diagnóstico citológico medular foi negativo na pesquisa de amastigotas de Leishmania , apresentaram medula óssea sem qualquer alteração, portanto, citologicamente normal (20%, 4/20). Dessa forma, hipotetizamos que a multiplicação e persistência crônica do protozoário no tecido hematopoiético medular foi o fator que gerou desorganização medular, origem da anemia tão consistentemente associada à LVC, e relatada na literatura especializada em medicina veterinária. Concluímos que a hipoplasia eritroide foi o achado mais frequente no mielograma de cães infectados por L. infantum , e que a análise do tecido medular agrega informações importantes para o manejo do paciente e prognóstico da enfermidade. A medula óssea na LVC é objeto de estudo pelo grupo Infectologia Veterinária – CNPq. |