AVALIAÇÃO DA MEDULA ÓSSEA DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS POR Leishmania sp.
RAFAELA DE SOUSA GONÇALVES 1, ROSECLEA CHAGAS DOS SANTOS1, ÍRIS DANIELA SANTOS DE MENESES1, TIAGO SENA DE ANDRADE1, MARIANA OLIVEIRA MENDES1, CLAUCEANE DE JESUS1, DANIELA FARIAS LARANGEIRA1, FLAVIANE ALVES DE PINHO1, STELLA MARIA BARROUIN-MELO1
1. LIVE-HOSPMEV-UFBA - Laboratório de Infectologia Veterinária, Hospital de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, 2. LAC-HOSPMEV-UFBA - Laboratório de Análises Clínicas, Hospital de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia
rafa.gon@hotmail.com

A leishmaniose visceral causada por Leishmania infantum é uma doença parasitária crônica de importância médico-veterinária e na Saúde Única. O tecido medular ósseo é um sítio preferencial de proliferação de L. infantum e sua avaliação pode contribuir para definição de um prognóstico clínico na leishmaniose visceral canina (LVC). Assim, o objetivo do presente estudo foi descrever as alterações citopatológicas da medula óssea de cães naturalmente infectados por L. infantum . Vinte cães com infecção por L. infantum confirmada PCR qualitativa de aspirados esplênicos, atendidos no Hospital-Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, provenientes de diversas áreas endêmicas no estado da Bahia, foram incluídos no estudo. Nenhum dos cães havia recebido tratamento prévio para a doença. Amostras de medula óssea foram obtidas para a realização do mielograma e avaliação do estoque de ferro. No mielograma, observou-se que 80% (16/20) dos cães infectados tinham formas amastigotas de Leishmania sp., extra e intracelularmente, na medula óssea, enquanto 20% (4/20) não apresentavam amastigotas ao exame citológico da medula. Dentre as alterações observadas nas linhagens eritroide, mieloide e megacariocítica, as mais frequentes foram hipoplasia da série eritroide em 50% (10/20) dos casos, hiperplasia da série mieloide em 35% (7/20) e hipoplasia da série megacariocítica em 15% (3/20). A maioria dos cães infectados apresentava estoque de ferro medular adequado (69%, 11/16). Os cães cujo diagnóstico citológico medular foi negativo na pesquisa de amastigotas de Leishmania , apresentaram medula óssea sem qualquer alteração, portanto, citologicamente normal (20%, 4/20). Dessa forma, hipotetizamos que a multiplicação e persistência crônica do protozoário no tecido hematopoiético medular foi o fator que gerou desorganização medular, origem da anemia tão consistentemente associada à LVC, e relatada na literatura especializada em medicina veterinária. Concluímos que a hipoplasia eritroide foi o achado mais frequente no mielograma de cães infectados por L. infantum , e que a análise do tecido medular agrega informações importantes para o manejo do paciente e prognóstico da enfermidade. A medula óssea na LVC é objeto de estudo pelo grupo Infectologia Veterinária – CNPq.



Palavras-chaves:  hipoplasia eritroide, leishmaniose, mielograma