ISOLAMENTO PARASITÁRIO A PARTIR DE ASPIRADOS ESPLÊNICOS DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS E EM DIFERENTES ESTADIOS CLÍNICOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL, UTILIZANDO MEIOS DE CULTIVO NNN ALTERNATIVOS.
ROSECLEA CHAGAS DOS SANTOS 1, RAFAELA DE SOUSA GONÇALVES1, MARIANA OLIVEIRA MENDES1, CLAUCEANE DE JESUS1, GABRIELA PORFÍRIO-PASSOS1, FLAVIANE ALVES DE PINHO1, DANIELA FARIAS LARANGEIRA1, STELLA MARIA BARROUIN-MELO1
1. LIVE/UFBA - Laboratório de Infectologia Veterinária, Hospital de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, 2. DEAPAC/UFBA - Departamento de Anatomia, Patologia e Clínicas, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia
rosecleachagas@hotmail.com

O meio de cultivo NNN (Novy-MacNeil-Nicolle) feito com sangue de coelho é classicamente utilizado para isolamento de Leishmania a partir de amostras biológicas de hospedeiros vertebrados. Pouco se sabe sobre o cultivo de Leishmania em meios NNN preparados com sangue de outros animais. Portanto, para determinar a viabilidade da utilização de sangue de outras espécies animais como ingrediente substituto ao sangue de coelho , meios NNN preparados com sangue ovino (NNN-O), bovino (NNN-B), equino (NNN-E) e de ave doméstica (NNN-A) foram testados para isolamento de Leishmania spp. a partir de aspirados esplênicos de cães naturalmente infectados e em diferentes estádios clínicos de leishmaniose visceral (LV). Seis cães foram selecionados para este estudo: dois se enquadraram no estadio leve, dois no estadio moderado, e dois no estadio grave de LV, com base em exames físico completo, hematológicos e urinários. Aspirados esplênicos dos seis cães selecionados foram simultaneamente semeados nos meios NNN-testes, em comparação ao convencional feito com sangue de coelho (NNN-C), e examinados durante três semanas sob microscopia óptica. Uma parte dos aspirados esplênicos caninos foi destinada a determinação da carga parasitária por PCR quantitativo. Três cães (50%) apresentaram isolamentos positivos em pelo menos um dos meios NNN testados. Dentre esses, dois cães, com doença moderada e grave, foram positivos em todos os meios, e um cão com doença leve, positivo apenas no meio NNN-O. O aspirado esplênico de um dos cães (1/6; 16,6%) apresentou isolamento parasitário na primeira semana de cultivo em todos os meios inoculados, sendo que o meio NNN-A apresentou a maior contagem de parasitos na leitura (34,0 x 10 4 /mL; versus NNN-C = 5,0 x 10 4 /mL). Os dois cães que apresentaram as menores cargas parasitárias ( 5,81 × 10 0 parasitos/µL e 7,59 × 10 -1 parasitos /µL) tiveram resultados negativos no isolamento, enquanto o cão que apresentou a maior carga parasitária ( 1,19 × 10 4 parasitas/µL) teve positividade no isolamento parasitário em todos os meios. O sangue dos animais testados mostrou-se viável como alternativa ao sangue de coelho na preparação de meios de cultivo NNN para isolamento de Leishmania em amostras de baço de cães em diferentes estadios clínicos de LV. Esse é um passo importante na busca por meios de cultivo alternativos, com custos reduzidos e eficientes para fins diagnósticos e para obtenção de parasitos viáveis ao desenvolvimento de pesquisas laboratoriais.



Palavras-chaves:  Leishmania, Carga parasitária, Fins diagnósticos