CASO ATÍPICO DE HEPATITE AGUDA, ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE E SÍNDROME HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA À ARBOVIROSE.
ANTONIO LUCAS DA SILVA FILHO1, MÁRCIO COUTO GOMES1, VYNICIUS GOLTRAN SOBRAL PROPHETA1, OSVALDO ALVES DE MENEZES NETO1, EMANOEL MESSIAS COSTA1, ROQUE PACHECO DE ALMEIDA1, DANIELLA MARIA DE MENDONÇA CALDAS AMORIM1
1. UFS - Universidade Federal de Sergipe
antoniolucassfilho@gmail.com

Os arbovírus são agentes infecciosos já conhecidos pelo seu potencial acometimento multissistêmico no ser humano, sendo encontrados na literatura científica casos de hepatite aguda secundária a agentes deste grupo. Também já foi descrito que quadros de infeções virais são possíveis gatilhos para eventos autoimunes. Esse trabalho trata-se de um relato de caso de uma paciente internada no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, com diagnósticos de hepatite aguda grave, síndrome hemofagocítica e anemia hemolítica autoimune secundárias a infecção por arbovírus. Paciente AJCC, feminina, 12 anos, procedente de Itaporanga D’Ajuda. Refere início com quadro de icterícia que evoluiu com febre, colúria, acolia fecal e vômitos. Pela ausência de melhora, deu entrada no serviço de urgência, onde foi internada e foi dado início à investigação de hepatopatias. Apresentava intensa elevação de transaminases, plaquetopenia, hiperbilirrubinemia com padrão de colestase e alargamento do INR. A paciente então foi transferida para o HU-UFS e seguiu investigação diagnóstica com sorologias negativas para hepatites virais A, B e C, TORCHS, HIV, Leptospirose, Leishmaniose, EBV, Febre Amarela e Chikungunya. Dosagem de auto-anticorpos para hepatite autoimune e FAN também foram negativos. Foram normais: níveis de alfa-1-antitripsina, ceruloplasmina, reação de Widal e eletroforese de hemoglobina. Apresentou Coombs direto positivo e IgM positivo para Zika e Dengue. A paciente evoluiu com piora da icterícia, febre alta recorrente, hepato-esplenomegalia dolorosa, anemia e leucopenia. Foi realizado aspirado de medula óssea evidenciando figuras de hemofagocitose que, somado à hiperferritinemia, hipertrigliceridemia, bicitopenia, febre e esplenomegalia, confirmou a hipótese de síndrome hemofagocítica secundária ao quadro viral. Após ausência de resposta à imunossupressão com corticoides em pulsoterapia e via oral, foi tratada com imunoglobulina e ciclosporina, com cessação da febre, redução dos níveis de anemia e melhora da leucopenia, mantendo algum grau de icterícia e elevação de transaminases. Teve alta para seguimento ambulatorial. Tratou-se de um caso atípico, com múltiplos diagnósticos, de difícil controle e sem relatos similares na literatura científica.



Palavras-chaves:  anemia hemolítica, arboviroses, hepatite aguda, síndrome hemofagocítica