ASPECTOS RELACIONADOS COM O ABANDONO NO TRATAMENTO DE TUBERCULOSE NO NORDESTE SEGUNDO DADOS DE NOTIFICAÇÃO |
A tuberculose, doença infecciosa de caráter epidêmico, ainda é um dos principais problemas de saúde pública do país. Notificou-se, entre 2013 e 2018, cerca de 114 mil casos apenas na Região Nordeste. Contudo, o longo tempo de tratamento, o uso de álcool e outras drogas, a falsa impressão de cura, a modalidade de tratamento aplicado e a presença de comorbidades gera um alto número de casos de abandono, o que é compreendido como a ausência do paciente por mais de 30 dias consecutivos após a data esperada para o retorno à Unidade de Saúde. Essa ruptura acaba por gerar acentuado impacto nos indicadores de incidência, resistência a diversas drogas e aumento na mortalidade. Este trabalho teve como objetivo descrever os aspectos socioeconômicos e clínicos mais relacionados o abandono do tratamento. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, observacional e transversal, com base nos dados disponibilizados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), de janeiro de 2013 a dezembro de 2018, na Região Nordeste. Entre 2013 e 2018, foram notificados 92.927 casos na região urbana e 15.950 casos na região rural; destes, na região urbana, houve uma taxa de abandono de 10,8%, enquanto que na região rural a taxa de abandono foi de 5,9%. Associado ao alcoolismo, as taxas de abandono passam a ser de 16,4%, enquanto com diabetes, 6%. Dentre as faixas etárias, a que apresenta maior taxa de abandono fica entre 20-39 anos, representando 5,5% do total de casos notificados. Quanto ao sexo, os homens se sobressaem em relação às mulheres, apresentando 72,8% de todos os casos de abandono do tratamento. Por fim, observou-se uma maior taxa de abandono na área urbana em relação a rural, e o sexo masculino é o mais prevalente; além disso, a faixa etária economicamente ativa (20-39 anos) também é a mais acometida. Ao associar-se a comorbidades, a incidência de abandono aumenta bastante entre os alcoólatras. É notória a necessidade de criação de estratégias que visem a adesão desses grupos, como métodos mais eficientes de manutenção do tratamento e maior aproximação das equipes de saúde aos pacientes. |