PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA MENINGITE NO BRASIL NOS ÚLTIMOS 10 ANOS |
A meningite é a inflamação das meninges e pode ser causada por diversos agentes infecciosos - bactérias e vírus - e eventos pós-traumático. É uma patologia de notificação compulsória e apesar do manejo apropriado da doença e da efetivação de vacinas, ainda provoca relevante morbimortalidade. O objetivo desse trabalho foi analisar o perfil epidemiológico dos casos de meningite nas regiões brasileiras entre 2007 e 2017. Para isso, realizou-se um estudo descritivo a partir da consulta de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Os parâmetros analisados foram região, sexo, faixa etária, etiologia e evolução, obtendo-se um total de 223.006 casos de meningite registrados durante o período de 2007 e 2017. O Sudeste apresenta a maior incidência, com 51,9% dos casos, seguido do Nordeste (19,7%), Sul (19,6%), Centro-Oeste (4,7%) e, por fim, região Norte (3,9%). O número de novos casos decresceu ao longo dos anos, partindo de 29.802 casos em 2007, para 15.247 em 2017. Em relação ao sexo, o masculino prevaleceu, com 59,3% dos casos . Já quanto à faixa etária, observaram-se dois períodos de maior prevalência: 1-4 anos, com 18.9% dos casos e 20-39 anos, com 18,3% dos casos. Além disso, observou-se que 45,3% dos casos possuíam etiologia viral, 31,5% etiologia bacteriana, 16,2% etiologia não especificada, 3,7% de outras etiologias e 1,7% de origem tuberculosa. No que tange à evolução da doença, 80,3% dos pacientes obtiveram alta, e dentre estes, a meningite viral foi a etiologia mais comum (51,7%). Um total de 12,2% dos pacientes foram a óbito, sendo a principal causa a meningite bacteriana (64,6%). Tais dados corroboram a importância do diagnóstico precoce e tratamento imediato para o bom prognóstico da meningite bacteriana, pois, mesmo consistindo na menor parte dos casos, apresenta elevada letalidade. Em contrapartida, a meningite viral é caracterizada por causar surtos e ser autolimitada, fato que é demonstrado nos dados. Pôde-se perceber ainda uma acentuada redução na quantidade de novos casos ao longo dos anos, apesar dos números permanecerem significativos. Assim, destaca-se a necessidade de estudos mais detalhados acerca dessa epidemiologia, tendo como objetivo a melhora do sistema de saúde em relação à prevenção, diagnóstico e tratamento, objetivando ainda mais a redução desses números. |