ANÁLISE RETROSPECTIVA DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES OFÍDICOS NOTIFICADOS POR UM CENTRO DE REFERÊNCIA NO ESTADO DE ALAGOAS DURANTE O PERÍODO DE 2007-2017
LETÍCIA MOREIRA DE SOUZA1, MARÍLIA BARROSO DE SOUSA1, RODOLFO MATHIAS BARROS CARDOSO1, LYCIA GAMA MARTINS1, JAMILE TANIELE-SILVA1, LETÍCIA ANDERSON1, ADRIANA ÁVILA MOURA1, ÊNIO JOSÉ BASSI1
1. FAMED/UFAL - Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Alagoas., 2. LAPEVI/ICBS/UFAL - Laboratório de Pesquisas em Virologia e Imunologia, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Alagoas., 3. CESMAC - Centro Universitário CESMAC, 4. HEHA - Hospital de Doenças Tropicais Dr. Hélvio Auto
leticiamoreira.souza@hotmail.com

Animais peçonhentos são aqueles que produzem uma substância venenosa e possuem uma estrutura para inoculação do veneno. Dentre os principais animais peçonhentos responsáveis por acidentes encontram-se as serpentes. No Brasil, quatro tipos de acidentes ofídicos são considerados de importância médica: botrópico (jararaca), que é o gênero de maior importância, crotálico (cascavel), laquético (surucucu) e elapídico (coral verdadeira). A inoculação de toxinas por esses animais pode causar efeitos locais e sistêmicos, que variam entre leve, moderado e grave, e podem apresentar atividade inflamatória aguda, coagulante, hemorrágica, neurotóxica e miotóxica. Os acidentes com serpentes representam um grave problema de saúde pública, sendo incluídos na lista de doenças tropicais negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudos epidemiológicos relativos à ocorrência de picadas de serpentes no Estado de Alagoas são escassos, sendo assim, este trabalho visa apresentar um panorama do perfil epidemiológico dos acidentes causados por esses animais. Assim, o presente estudo trata-se de uma análise epidemiológica descritiva transversal realizada a partir de informações coletadas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Hospital Escola Helvio Auto (HEHA) entre janeiro de 2007 a dezembro de 2017 acessados na plataforma TabWin 3.6b e analisados no Microsoft Office Excel®. Os dados evidenciaram a existência de 2.218 casos de acidentes ofídicos notificados no HEHA nos últimos 10 anos. Do total de casos, 1.150 foram ocasionados por serpentes peçonhentas sendo  80% acidentes botrópicos. Com relação à forma clínica, 59% dos casos foram classificados como leves. Um número elevado de casos foi notificado em pacientes do sexo masculino (1.711 casos), sendo em sua maioria com idade entre 20-29 anos e provenientes da zona rural. Considerando o local do acidente, 40% dos casos tiveram o pé como local da picada sendo a maioria dos casos reportados em trabalhadores agropecuários e estudantes. Em conclusão, o presente estudo relata um perfil epidemiológico de acidentes ofídicos em Alagoas, evidenciando uma população de risco que necessita de programas de prevenção e tratamento adequado, contribuindo para redução da morbimortalidade decorrente deste importante problema de saúde pública.

 



Palavras-chaves:  Animais peçonhentos, Acidente ofídico, Saúde Pública