RELAÇÃO FISIOPATOLÓGICA ENTRE HIPERTENSÃO PULMONAR E ESQUISTOSSOMOSE |
A esquistossomose constitui a terceira doença parasitária endêmica mais prevalente no mundo. O ciclo de vida do parasita passa por uma etapa obrigatória no pulmão, causando lesões agudas e crônicas neste, sendo essas últimas geralmente associadas à forma hepatoesplênica da doença que pode causar complicações cardiopulmonares, incluindo hipertensão pulmonar (HP). A patogênese exata da HP associada à esquistossomose permanece incerta. Assim, esse trabalho objetiva expor e analisar os estudos a respeito da relação fisiopatológica entre esquistossomose e hipertensão pulmonar. Foi realizada uma revisão de literatura em abril de 2018 através da Biblioteca Virtual de saúde usando os descritores “Esquistossomose” e “Hipertensão pulmonar” na língua portuguesa e inglesa. Foram encontradas 167 publicações e selecionadas 25, disponíveis nas bases de dados LILACS e MEDLINE, aplicando os critérios de inclusão: pesquisas disponíveis de forma gratuita, em português ou inglês publicados entre 2013 e 2018, cuja temática central tratassem da hipertensão na esquistossomose; os critérios de exclusão foram: artigos que não suportassem os descritores, duplicados ou pagos. As evidências científicas apontam vários mecanismos para a fisiopatologia da HP na esquistossomose: Um hipótese é doença embólica de corpo estranho (óvulos parasitas) com obstrução mecânica da circulação pulmonar como principal causa de aumento de pressão na circulação pulmonar. Outra especulação oposta é que a relativa escassez de ovos no leito vascular pulmonar, combinada com o conhecimento do parasita ciclo de vida, geraria um mecanismo inflamatório que resulta em cicatrização, comprometimento do fluxo pulmonar e da formação de lesões plexiformes. Em camundongos, mostrou-se um papel patogênico das citocinas mediadas pela resposta imune Th2, na HP associada à esquistossomose. Uma terceira teoria aponta uma forma de hipertensão porto-pulmonar em que a hipertensão portal resulta em aumento do fluxo pulmonar com consequente HP. Ainda abordam o papel da predisposição genética e sua interação com diferentes fatores ambientais. Dessa forma, é evidente que mais estudos são necessários para uma melhor compreensão dos fatores predisponentes relacionados ao desenvolvimento da hipertensão pulmonar na esquistossomose. Ademais, é incontestável que melhores programas de controle são necessários para interromper a transmissão da esquistossomose em todo o mundo. |