ANÁLISE ESPACIAL DA MORTALIDADE POR HANSENÍASE NAS REGIÕES NORTE E NORDESTE DO BRASIL, 2000 A 2016
ANDERSON FUENTES FERREIRA 1, ADRIANA ADRIANA DA SILVA DOS REIS1, MAURICÉLIA MAURICÉLIA SILVEIRA LIMA1, ELIANA ELIANA AMORIM DE SOUZA1, GABRIELA GABRIELA SOLEDAD MÁRDERO GARCÍA1, THAINÁ THAINÁ ISABEL BESSA DE ANDRADE1, ALBERTO ALBERTO NOVAES RAMOS JR.1
1. UFC - Departamento de Saúde Comunitária, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, 2. UFBA - Núcleo Epidemiologia e Saúde Coletiva, Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia, 3. UFC - Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará
wainks@gmail.com

Introdução : A hanseníase acomete principalmente pele e nervos periféricos, podendo afetar outros órgãos. É transmissível quando não tratada, podendo afetar pessoas de diferentes idades e sexos. Classicamente, reconhece-se que a doença apresenta baixa letalidade, porém a falta de manejo e monitoramento de complicações, a exemplo dos episódios reacionais, pode levar ao óbito. Objetivos : Analisar a distribuição espacial dos óbitos por hanseníase nas regiões Norte (NO) e Nordeste (NE) do Brasil, no período de 2000 a 2016. Métodos : Estudo ecológico, com abordagem espacial. Foram analisados os óbitos registrados no Sistema de Informação de Mortalidade, em que a hanseníase foi mencionada como causa de morte na declaração de óbito. Os coeficientes foram padronizados por idade e sexo pelo método direto. Foram utilizados os softwares Stata, GeoDa e qGis para análise espacial, cálculo das taxas de médias móveis espacial ( Spatial ratio - SR) e construção dos mapas temáticos. Para classificação das taxas foi utilizado o método de quebras naturais. Resultados : Foram registrados 4.779 óbitos relacionados a hanseníase, sendo 3.471 (72,6%) na região NE e 2.789 (58,4%) com a hanseníase como causa associada de óbito. O coeficiente de mortalidade foi de 0,60/100.000 hab. para a região NO e 0,36/100.000 hab. para o NE. Os estados que tiveram maiores coeficientes foram Acre (AC) (1,07/100.000 hab.) e Tocantins (TO) (0,96/100.000 hab.) e Maranhão (MA) (0,90/100.000 hab.). 1.179 (52,5%) municípios apresentaram óbitos no período. Para a análise espacial, AC, RO, oeste do Pará (PA), TO, MA e Piauí (PI) apresentaram altos coeficientes de mortalidade. A análise de SR, ressaltou áreas de concentração de altos coeficientes nos estados do AC, oeste do PA, TO, MA, centro do PI, norte e extremo sul da Bahia. Discussão : As áreas identificadas neste estudo são consistentes com clusters de mortalidade nas áreas que foram demonstradas em outros estudos, apontando falhas quanto ao manejo dos casos. Conclusões : A mortalidade por hanseníase é um evento relevante nestas regiões. As áreas descritas coincidem com aquelas onde estão localizados os clusters de maior endemicidade. Recomenda-se desenvolvimento e implementação de estratégias voltadas para os fatores relacionados a complicações da hanseníase que podem levar ao óbito, em especial episódios reacionais, eventos adversos à poliquimioterapia e corticoterapia, além de infecções secundárias e eventos vasculares.



Palavras-chaves:  Hanseníase, Análise espacial, Mortalidade