ANÁLISE ESPACIAL DA MORTALIDADE POR HANSENÍASE NAS REGIÕES NORTE E NORDESTE DO BRASIL, 2000 A 2016 |
Introdução : A hanseníase acomete principalmente pele e nervos periféricos, podendo afetar outros órgãos. É transmissível quando não tratada, podendo afetar pessoas de diferentes idades e sexos. Classicamente, reconhece-se que a doença apresenta baixa letalidade, porém a falta de manejo e monitoramento de complicações, a exemplo dos episódios reacionais, pode levar ao óbito. Objetivos : Analisar a distribuição espacial dos óbitos por hanseníase nas regiões Norte (NO) e Nordeste (NE) do Brasil, no período de 2000 a 2016. Métodos : Estudo ecológico, com abordagem espacial. Foram analisados os óbitos registrados no Sistema de Informação de Mortalidade, em que a hanseníase foi mencionada como causa de morte na declaração de óbito. Os coeficientes foram padronizados por idade e sexo pelo método direto. Foram utilizados os softwares Stata, GeoDa e qGis para análise espacial, cálculo das taxas de médias móveis espacial ( Spatial ratio - SR) e construção dos mapas temáticos. Para classificação das taxas foi utilizado o método de quebras naturais. Resultados : Foram registrados 4.779 óbitos relacionados a hanseníase, sendo 3.471 (72,6%) na região NE e 2.789 (58,4%) com a hanseníase como causa associada de óbito. O coeficiente de mortalidade foi de 0,60/100.000 hab. para a região NO e 0,36/100.000 hab. para o NE. Os estados que tiveram maiores coeficientes foram Acre (AC) (1,07/100.000 hab.) e Tocantins (TO) (0,96/100.000 hab.) e Maranhão (MA) (0,90/100.000 hab.). 1.179 (52,5%) municípios apresentaram óbitos no período. Para a análise espacial, AC, RO, oeste do Pará (PA), TO, MA e Piauí (PI) apresentaram altos coeficientes de mortalidade. A análise de SR, ressaltou áreas de concentração de altos coeficientes nos estados do AC, oeste do PA, TO, MA, centro do PI, norte e extremo sul da Bahia. Discussão : As áreas identificadas neste estudo são consistentes com clusters de mortalidade nas áreas que foram demonstradas em outros estudos, apontando falhas quanto ao manejo dos casos. Conclusões : A mortalidade por hanseníase é um evento relevante nestas regiões. As áreas descritas coincidem com aquelas onde estão localizados os clusters de maior endemicidade. Recomenda-se desenvolvimento e implementação de estratégias voltadas para os fatores relacionados a complicações da hanseníase que podem levar ao óbito, em especial episódios reacionais, eventos adversos à poliquimioterapia e corticoterapia, além de infecções secundárias e eventos vasculares. |