ATENÇÃO À SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DE MULHERES BISSEXUAIS E LÉSBICAS NA PERSPECTIVA DE PREVENÇÃO ÀS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS |
O artigo 196 da Constituição Cidadã declara que a saúde é direito de todos e dever do Estado, assegurando alternativas que possibilitem acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Entretanto, no tocante à assistência nos serviços de saúde e às formas de prevenir as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e HIV/AIDS, as especificidades de mulheres bissexuais e lésbicas ainda não são efetivamente sondadas, tornando-as invisíveis dentro do sistema. Logo, esta revisão de literatura propõe viabilizar a discussão quanto à estruturação do cuidado e maior reparabilidade da atenção à saúde sexual e reprodutiva desse grupo populacional, vulnerável a fatores de risco quando comparadas a outras mulheres. Para tanto, realizou-se uma busca no banco de dado SciELO de artigos e relatos de pesquisa-intervenção acerca da temática. Para o levantamento foram utilizados os descritores: saúde sexual, LGBT e prevenção. A visão integral e ampliada de saúde pleiteia o reconhecimento de fatores que superam a limitada relação saúde-doença. Sendo assim, a orientação sexual constitui uma situação complexa e é fator de vulnerabilidade para saúde, não somente por implicar práticas sociais e sexuais específicas, mas também por expor a classe LGBT à conjuntura de exclusão que interfere em seus direitos. Em um aspecto amplo, o sistema de saúde e seus agentes evidenciam lacunas, uma vez que a assistência nos serviços e as orientações se mostram falhas para o exercício da sexualidade autônoma e segura. Há despreparo dos profissionais de saúde em dialogar e acolher de forma adequada mulheres bissexuais e lésbicas, os quais quase sempre atuam com base em suas crenças e valores pessoais, sem o reconhecimento devido das suas especificidades. Além disso, a prevenção às IST-HIV tem elo com o exercício de educação em saúde, de modo que seja construída conjuntamente, e não como algo a ser ensinado. Ainda, o caráter heteronormativo, o biomédico e o descritivo se constituem como aspectos que interferem as ações de prevenção e que afastam essas mulheres, instigando a não percepção do acompanhamento médico como necessário em seu cotidiano. É imprescindível, portanto, que na postura dos profissionais ocorra a inclusão de demandas das bissexuais e lésbicas nas políticas de saúde da mulher e a disponibilização de meios de prevenção contextualizados, firmando na prática os princípios do SUS de integralidade e equidade estabelecidos pela Constituição. |