ARTROPATIA CRÔNICA EM CONSEQUÊNCIA DA FEBRE CHIKUNGUNYA |
A chikungunya é uma doença febril aguda associada a dor intensa e frequente poliartralgia debilitante. É causada pelo vírus da Chikungunya (CHIKV), um alfavírus pertencente à família Togaviridae, transmitido por meio da picada da fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus. Tem se tornado um importante problema de saúde pública nos países onde ocorrem as epidemias, visto que metade dos casos evolui com artrite crônica, persistente e incapacitante. A prevalência de manifestações articulares crônicas após a infecção por CHIKV varia de 14,4 a 87,2%. O presente estudo objetivou caracterizar o comprometimento articular como consequência da febre chikungunay. A metodologia abordada teve como substrato a análise bibliográfica de artigos pesquisados nas bases de dados Scielo, LILACS, MEDLINE e PUBMED. Dos arquivos encontrados e após a utilização de filtros como: idiomas português e inglês, textos completos e disponíveis na íntegra, pesquisa em humanos e apenas no Brasil, e conteúdo referente ao ano de 2008 a 2018, restaram apenas 8 artigos correspondentes à temática em questão. Na chikungunay, os sintomas mais comuns são febre de início súbito e artralgia e/ou artrite (praticamente em 100% dos casos), comumente de padrão simétrico e poliarticular. As queixas articulares acometem sobretudo mãos, punhos, tornozelos e pés, na maioria das vezes são de caráter incapacitante. A febre chikungunya apresenta alta incidência de recorrência e cronicidade do acometimento articular com persistência dos sintomas inflamatórios. A doença, na fase crônica, apresenta aspectos muito semelhantes aos da artrite reumatoide, uma vez que os pacientes cursam com poliartrite crônica bilateral e simétrica com padrão migratório, e a prevalência da positividade do fator reumatoide varia de 25% a 43%. Os mecanismos fisiopatológicos da dor musculoesquelética e da artrite crônica após infecção pelo vírus da chikungunya são parcialmente conhecidos. Acredita-se que esses sintomas sejam decorrentes do escape precoce do vírus da chikungunya do interior dos monócitos e consequente relocação nos macrófagos sinoviais. Após as manifestações iniciais, a taxa de recorrência da artrite diminui ao longo do tempo, sendo de 88% a 100% nas primeiras seis semanas, chegando a 12% até cinco anos. Alguns autores defendem a necessidade do acompanhamento reumatológico dos pacientes com artralgia crônica, identificando casos que podem se manifestar a longo prazo como artrite reumatoide secundária. |