PATOLOGIA DA INFECÇÃO EM ORGÃOS LINFÓIDES DE GATO NATURALMENTE COINFECTADO POR LEISHMANIA INFANTUM, TOXOPLASMA GONDII E VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA FELINA
JAIRE MARINHO TORRES 1, ALANDERSON RODRIGUES DA SILVA1, GUILHERME RIBEIRO CAPIBARIBE BARBOSA1, SARAH SAORY MAKIMOTO1, WILLIAM OLIVEIRA DE ASSIS1, KEYLA CARSTENS MARQUES DE SOUZA1, MARCOS ROGÉRIO ANDRÉ1, RODRIGO CALDAS MENEZES1, JOYCE KATIUCCIA MEDEIROS RAMOS CARVALHO1, GISELE BRAZILIANO DE ANDRADE1, HEITOR MIRAGLIA HERRERA1
1. UCDB - Universidade Católica Dom Bosco, 2. UNESP - Universidade Estadual Paulista, 3. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
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A apresentação patológica de uma doença infecciosa é entendida como o produto de uma intrincada relação envolvendo um agente infeccioso e a consequente resposta imune do hospedeiro. No entanto, os parasitas coocorrem amplamente e as consequências dessas interações são pouco compreendidas. De fato, as coinfecções representam uma área emergente importante de pesquisa clínica e nos cuidados com a saúde. O presente trabalho descreve a patologia de baço e linfonodo de um gato parasitado por Leishmania infantum. O animal proveniente do Centro de Controle de Zoonoses de Campo Grande / MS foi avaliado clinicamente e amostras de soro foram colhidas para reação de imunofluorescência indireta anti- Leishmania spp. e anti- Toxoplasma gondii, e snap test para o vírus da imunodeficiência felina (FIV) e para o vírus da leucemia felina (FeLV). O animal foi eutanasiado, necropsiado e fragmentos de baço e linfonodo foram coletados para histopatologia, teste de imunohistoquímica (IHC) e hibridização in situ (ISH). O animal apresentou-se soro positivo para Leishmania spp., T. gondii e FIV . A IHC mostrou formas amastigotas de Leishmania spp . dentro de macrófagos e dispersas no interstício. A ISH confirmou o parasitismo por L. infantum . Como observado em cães, a destruição dos compartimentos da polpa branca e a atrofia do centro germinativo foram também observadas no presente estudo. Na leishmaniose visceral canina, a ruptura da polpa branca esplênica está associada à ampla presença de plasmócitos no baço. No entanto, os gatos deste estudo não apresentaram acúmulo de plasmócitos na polpa branca. Por outro lado, células de Mott foram observadas, sugerindo uma infecção crônica. O linfonodo apresentou inflamação medular com aumento de plasmócitos e granulomas na região paracortical. O aumento de plasmócitos nos órgãos linfoides é um achado comum em infecções sistêmicas e vários fatores como a ativação policlonal de células B e produção de citocinas e quimiocinas podem contribuir para a diferenciação e retenção de células plasmáticas nos órgãos linfoides. Além disso, foi relatado que infecções por FIV resultam em expansão das células B durante a fase aguda. Ainda, granulomas em linfonodo são relatados na leishmaniose e na toxoplasmose nodal. A resistência natural dos gatos à leishmaniose é amplamente sugerida, no entanto as infecções concomitantes podem prejudicar a resposta normal à infecção e torná-los suscetíveis desenvolver patologias relacionadas a L. infantum.



Palavras-chaves:  Felino, imunohistoquímica, hibridização in situ, coparasitismo