DETECÇÃO DE TRYPANOSOMA SPP. EM MORCEGOS DA REGIÃO URBANA E PERIURBANA DO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL, BRASIL
JAIRE MARINHO TORRES 1, HEITOR MIRAGLIA HERRERA1, ANA MARIA JANSEN1, FERNANDA MOREIRA ALVES1, JHOSIANE APARECIDA ROCHA DA SILVA1, PAULO GUILHERME FELICIANO GONÇALVES1, CARINA ELISEI DE OLIVEIRA1
1. UCDB - Universidade Católica Dom Bosco, 2. LBT - Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos
jairemarinho@hotmail.com

Morcegos apresentam uma relação estreita com as espécies de Trypanosoma . Esses animais são comumente relatados com parasitas do subgênero Schizotrypanum , apresentando espécies restritas aos hospedeiros quirópteros ( Trypanosoma cruzi marinkelei , Trypanosoma dionisii e Trypanosoma erneyi ) e de importância na saúde pública ( Trypanosoma cruzi ). Objetivou-se com a execução desse trabalho estudar a diversidade de Trypanosoma spp. em morcegos naturalmente infectados. Os morcegos foram capturados entre maio de 2017 e janeiro de 2018 em sete remanescentes florestais, empregando-se um esforço total de captura de 75.960 h.m², anestesiados (ketamina 10% e xilazina 2%) e o sangue coletado por punção cardíaca semeado em tubos contendo meio NNN/LIT. As culturas foram monitoradas por cinco meses para a determinação do crescimento e isolamento das formas de tripanossomatídeos. As amostras positivas foram determinadas por analise morfológica em microscopia de luz. Para a identificação das espécies de Trypanosoma foi realizada a extração de DNA pelo método fenol-clorofórmio e submetido à nested PCR para amplificação parcial da região SSU rRNA, utilizando-se como controle positivo o DNA de Trypanosoma cruzi . Os produtos da nested PCR foram visualizados em gel de agarose 2%, purificados e seqüenciados. As sequências obtidas foram confrontadas com o banco de dados BlastN (blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi). Foram avaliados 252 morcegos de 12 espécies das famílias Phyllostomidae e Vespertilionidae, com prevalência de tripanossomatideos nas hemoculturas de 5,1% (13/252). Foram identificadas as espécies: T. cruzi (TcI) em Artibeus lituratus (1/69); T. cruzi marinkelei em Artibeus planirostris (7/50) e Phyllostomus discolor (1/1); T. dionisii em Glossophaga soricina (1/18), Myotis nigricans (1/5) e Sturnira lilium (1/8); e T. janseni em S. lilium (1/8). As espécies T. cruzi marinkelei e T. dionisii são restritas a morcegos, porém é o primeiro relato da ocorrência em Campo Grande. Nossos resultados indicam que T. janseni , descrita em gambás, pode ser um parasita eurixênico. O genótipo TcI é dominante nos ciclos silvestres, mas pode ocorrer em humanos e é comum em casos de infecção oral. O presente estudo demonstra a importância dos morcegos na epidemiologia das Doença de Chagas e na manutenção de diferentes espécies de Trypanosoma em Campo Grande, MS.



Palavras-chaves:  Cultura, Hospedeiro, Trypanosoma cruzi