DETECÇÃO DE TRYPANOSOMA SPP. EM MORCEGOS DA REGIÃO URBANA E PERIURBANA DO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL, BRASIL |
Morcegos apresentam uma relação estreita com as espécies de Trypanosoma . Esses animais são comumente relatados com parasitas do subgênero Schizotrypanum , apresentando espécies restritas aos hospedeiros quirópteros ( Trypanosoma cruzi marinkelei , Trypanosoma dionisii e Trypanosoma erneyi ) e de importância na saúde pública ( Trypanosoma cruzi ). Objetivou-se com a execução desse trabalho estudar a diversidade de Trypanosoma spp. em morcegos naturalmente infectados. Os morcegos foram capturados entre maio de 2017 e janeiro de 2018 em sete remanescentes florestais, empregando-se um esforço total de captura de 75.960 h.m², anestesiados (ketamina 10% e xilazina 2%) e o sangue coletado por punção cardíaca semeado em tubos contendo meio NNN/LIT. As culturas foram monitoradas por cinco meses para a determinação do crescimento e isolamento das formas de tripanossomatídeos. As amostras positivas foram determinadas por analise morfológica em microscopia de luz. Para a identificação das espécies de Trypanosoma foi realizada a extração de DNA pelo método fenol-clorofórmio e submetido à nested PCR para amplificação parcial da região SSU rRNA, utilizando-se como controle positivo o DNA de Trypanosoma cruzi . Os produtos da nested PCR foram visualizados em gel de agarose 2%, purificados e seqüenciados. As sequências obtidas foram confrontadas com o banco de dados BlastN (blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi). Foram avaliados 252 morcegos de 12 espécies das famílias Phyllostomidae e Vespertilionidae, com prevalência de tripanossomatideos nas hemoculturas de 5,1% (13/252). Foram identificadas as espécies: T. cruzi (TcI) em Artibeus lituratus (1/69); T. cruzi marinkelei em Artibeus planirostris (7/50) e Phyllostomus discolor (1/1); T. dionisii em Glossophaga soricina (1/18), Myotis nigricans (1/5) e Sturnira lilium (1/8); e T. janseni em S. lilium (1/8). As espécies T. cruzi marinkelei e T. dionisii são restritas a morcegos, porém é o primeiro relato da ocorrência em Campo Grande. Nossos resultados indicam que T. janseni , descrita em gambás, pode ser um parasita eurixênico. O genótipo TcI é dominante nos ciclos silvestres, mas pode ocorrer em humanos e é comum em casos de infecção oral. O presente estudo demonstra a importância dos morcegos na epidemiologia das Doença de Chagas e na manutenção de diferentes espécies de Trypanosoma em Campo Grande, MS. |