EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO, MINAS GERAIS. |
As leishmanioses são grupos de doenças parasitárias, que apresentam ampla distribuição, diversidade de agentes etiológicos, podendo acometer homens e animais. A Leishmaniose Visceral (LV) é a forma mais grave dessa infecção e sua transmissão tem se expandindo em áreas urbanas. O programa de controle da LV determina a vigilância entomológica e canina, como meios de informações à cerca doença. O município de Ouro Preto, mesmo sendo classificado como área de transmissão esporádica (oito casos humanos, no período de 2010 a 2017), não apresenta parâmetros epidemiológicos, fazendo-se necessários a busca informações sobre essa zoonose. O objetivo do estudo foi conhecer a epidemiologia da leishmaniose visceral no município de Ouro Preto, Minas Gerais. Em 2016, a partir de um estudo transversal amostral, tendo como população-alvo cães participantes da campanha de vacinação antirrábica, foi avaliado soro de 726 cães, de 13 distritos e três localidades do município de Ouro Preto. A amostra foi obtida por punção venosa e a dosagem de anticorpos específicos foi realizada pelo teste ELISA (Kit ELISA – LVC/UFMG). A confirmação da reatividade dos animais foi realizada pela Fundação Ezequiel Dias (FUNED), pelos métodos sorológicos do DPP® e ELISA, ambos da empresa Bio-manguinhos. O estudo da fauna de flebotomíneos contemplou um ano hidrológico, (junho de 2017 a maio de 2018). A prevalência da LVC no município de Ouro Preto foi de 1,7 % (12/718), sendo determinada pela concordância de reatividade entre o teste ELISA (UFMG) e os testes realizados pela FUNED. Nos resultados do teste ELISA(UFMG), 17 amostras (2,3%) foram classificadas como indeterminadas e 11 amostras como reagentes (7,0%). Já pela FUNED 13 cães foram reagentes para o DPP®, 12 cães reagentes para o teste ELISA (Bio-manguinhos) e um cão classificado como indeterminado. Os distritos que apresentaram soropositividade canina foram: Antônio Pereira 8,47% (5/59); Bocaina 5,66% (3/53); Lavras Novas 8,33% (3/36) e Cachoeira do Campo 1,16% (1/86). Metade dos cães reagentes não apresentaram sinais clínicos sugestivos para LV. Quanto ao estudo entomológico, foram capturados 60 flebotomíneos, em todos os distritos que apresentavam cães infectados. O número total de fêmeas de flebotomíneos coletados foi de 30 (50%) e machos 30 (50%), tendo uma razão de fêmeas/machos igual a 1. Desta forma, a presença de cães infectados e a captura de flebotomíneos são alertas do risco de transmissão da LV nessa região. |