FREQUÊNCIA DE ALTERACÕES EM PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E HEMOGRAMA EM CÃES COM INFECÇÃO NATURAL POR Leishmania infantum |
Naturalmente, a abundância de Leishmania infatum no hopedeiro canino o torna mais infeccioso ao vetor flebotomíneo, aspecto que assume significativa implicação em saúde pública. Considerando que a doença visceral é o principal elemento determinante do desfecho da infecção por L. infantum no cão, os exames de patologia clínica tornam-se ferramentas importantes na definição diagnóstica e prognóstica da doença. O hemograma e a bioquímica sérica são capazes de indicar capacidade metabólica, integridade estrutural dos órgãos investigados, tão precocemente quanto em uma infecção subclínica, como ainda auxiliam a estabelecer a gravidade da doença. Assim, conhecer as alterações clínico-patológicas na LVC é fundamental para o controle da endemia. O objetivo deste trabalho foi descrever as principais alterações laboratoriais encontradas nos animais atendidos no Hospital-Escola de Medicina Veterinária da UFBA.Trinta e nove cães oriundos de áreas endêmicas e com infecção por L. infantum confirmada por meio de PCR, foram avaliados por eritrograma e dosagens bioquímicas séricas de ureia, creatinina, proteínas totais, albumina e globulinas. O exame dos parâmetros eritrocitários revelou que 59% (23/39) dos cães apresentavam anemia. Os exames de bioquímica sérica revelaram que 61,5%(24/39) dos cães apresentavam hiperglobulinemia; 51,2% (20/39), hipoalbuminemia; e 12,8% (5/39), azotemia. A anemia aqui encontrada corrobora as descrições da literatura especializada e caracteriza a cronicidade e interferência com as funções hematopoiéticas medulares. A inflamação crônica progressiva induzida pela persistência da Leishmania no organismo do cão é decorrente da predominância de citocinas do tipo Th2, que resultam em lesão oxidativa na membrana eritrocitária, reduzindo sua fluidez e função, o que favorece o sequestro esplênico de hemácias, agravando a anemia. A presença de pancitopenia e/ou de doença renal são indicadores de pior prognóstico na LVC. A deficiência da resposta de linfócitos T e da modulação de linfócitos B contribui para a hiperglobulinemia, que favorece a formação e deposição de imunocomplexos nos capilares renais, levando à inflamação, destruição, disfunção e falência renal, que leva o cão ao óbito. As lesões glomerulares resultam em perda de albumina na urina, consequentemente hipoalbuminemia. Conclui-se que os achados mais frequentes foram hiperglobulinemia, anemia e hipoalbuminemia que podem auxiliar no diagnóstico clínico dos cães atendidos na região. |