FREQUÊNCIA DE ALTERACÕES EM PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E HEMOGRAMA EM CÃES COM INFECÇÃO NATURAL POR Leishmania infantum
TIAGO SENA DE ANDRADE1, RAFAELA DE SOUSA GONÇALVES1, ROSECLEA CHAGAS DOS SANTOS1, MARIANA OLIVEIRA MENDES 1, FLAVIANE ALVES DE PINHO1, DANIELA FARIAS LARANGEIRA1, STELLA MARIA BARROUIN-MELO1
1. LIVE-UFBA - Laboratório de Infectologia Veterinária, Hospital de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia , 2. DEAPAC-UFBA - Departamento de Anatomia, Patologia e Clínicas Veterinárias, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, UFBA
marianaolivmen@hotmail.com

Naturalmente, a abundância de Leishmania infatum no hopedeiro canino o torna mais infeccioso ao vetor flebotomíneo, aspecto que assume significativa implicação em saúde pública. Considerando que a doença visceral é o principal elemento determinante do desfecho da infecção por L. infantum no cão, os exames de patologia clínica tornam-se ferramentas importantes na definição diagnóstica e prognóstica da doença. O hemograma e a bioquímica sérica são capazes de indicar capacidade metabólica, integridade estrutural dos órgãos investigados, tão precocemente quanto em uma infecção subclínica, como ainda auxiliam a estabelecer a gravidade da doença. Assim, conhecer as alterações clínico-patológicas na LVC é fundamental para o controle da endemia. O objetivo deste trabalho foi descrever as principais alterações laboratoriais encontradas nos animais atendidos no Hospital-Escola de Medicina Veterinária da UFBA.Trinta e nove cães oriundos de áreas endêmicas e com infecção por L. infantum confirmada por meio de PCR, foram avaliados por eritrograma e dosagens bioquímicas séricas de ureia, creatinina, proteínas totais, albumina e globulinas. O exame dos parâmetros eritrocitários revelou que 59% (23/39) dos cães apresentavam anemia. Os exames de bioquímica sérica revelaram que 61,5%(24/39) dos cães apresentavam hiperglobulinemia; 51,2% (20/39), hipoalbuminemia; e 12,8% (5/39), azotemia. A anemia aqui encontrada corrobora as descrições da literatura especializada e caracteriza a cronicidade e interferência com as funções hematopoiéticas medulares. A inflamação crônica progressiva induzida pela persistência da Leishmania no organismo do cão é decorrente da predominância de citocinas do tipo Th2, que resultam em lesão oxidativa na membrana eritrocitária, reduzindo sua fluidez e função, o que favorece o sequestro esplênico de hemácias, agravando a anemia. A presença de pancitopenia e/ou de doença renal são indicadores de pior prognóstico na LVC. A deficiência da resposta de linfócitos T e da modulação de linfócitos B contribui para a hiperglobulinemia, que favorece a formação e deposição de imunocomplexos nos capilares renais, levando à inflamação, destruição, disfunção e falência renal, que leva o cão ao óbito. As lesões glomerulares resultam em perda de albumina na urina, consequentemente hipoalbuminemia. Conclui-se que os achados mais frequentes foram hiperglobulinemia, anemia e hipoalbuminemia que podem auxiliar no diagnóstico clínico dos cães atendidos na região.



Palavras-chaves:  Análises clínicas, leishmaniose, cão