FREQUÊNCIA DE COINFECÇÕES Leishmania infantum-Ehrlichia canis- Babesia canis EM CÃES DOMICILIADOS EM ÁREAS ENDÊMICAS DA BAHIA |
A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose potencialmente fatal, endêmica e negligenciada que acomete principalmente cães domésticos e humanos, sendo a Leishmania infantum o agente etiológico de maior importância no Brasil. Em cães naturalmente infectados por L. infantum , a ocorrência concomitante de outras infecções de transmissão vetorial tem sido associada à maior frequência e gravidade de sinais clínicos e aumento da carga parasitária de Leishmania . O objetivo deste estudo foi determinar a frequência de coinfecções por Ehrlichia canis e Babesia canis em cães naturalmente infectados por L. infantum e domiciliados em municípios endêmicos da Bahia. Foram estudados 104 cães, atendidos no Ambulatório de Leishmanioses Zoonóticas do Hospital-Escola de Medicina Veterinária da UFBA (Salvador), com suspeita clínica e/ou soropositivos em testes de triagem para LV, encaminhados por veterinários clínicos de 16 municípios do Estado. Amostras de aspirado esplênico desses cães foram submetidas à extração de DNA e análise por PCR qualitativa utilizando primers RV1/RV2 específicos para L. infantum . Amostras de sangue periférico dos cães com infecção confirmada por L. infantum foram analisadas por nested-PCR para detecção de E. canis , e por PCR qualitativa para B. canis . O DNA de L. infantum foi detectado em um total de 47 cães (45,1%,47/104), dos quais 31,9% (15/47) foram também positivos para DNA de E. canis (21,2%; 10/47) e B. canis (10,6%; 5/47). As co-infecções L. infantum-E. canis foram mais frequentes, ocorrendo em 66,6% (10/15) dos cães coinfectados, enquanto coinfecções L. infantum-B. canis ocorreram em 33,3% (5/15). Apenas um cão coinfectado (1/15; 6,7%) apresentou a infecção tripla L. infantum-E. canis-B. canis. Estudos são necessários para a maior compreensão dos efeitos do sinergismo desses patógenos sobre o sistema imune do cão, uma vez que as comorbidades, além de agravarem os sinais clínicos da LV canina, favorecem maior replicação da L. infantum, consequentemente maior risco de transmissão a outros animais e humanos. Nossos dados demonstram a alta frequência de coinfecções em áreas endêmicas e evidenciam a necessidade de investigar fármacos e protocolos terapêuticos adequados a cães, que assim contribuam para melhor controle da leishmaniose visceral nas áreas endêmicas do Brasil. |