FREQUÊNCIA DE COINFECÇÕES Leishmania infantum-Ehrlichia canis- Babesia canis EM CÃES DOMICILIADOS EM ÁREAS ENDÊMICAS DA BAHIA
MARIANA OLIVEIRA MENDES 1, RAFAELA DE SOUSA GONÇALVES1, ROSECLEA CHAGAS DOS SANTOS1, TIAGO SENA DE ANDRADE1, MAYRO RAFAGA LOPES CARNEIRO1, GABRIELA PORFIRIO-PASSOS1, CLAUCEANE DE JESUS1, FLAVIANE ALVES DE PINHO1, DANIELA FARIAS LARANGEIRA1, STELLA MARIA BARROUIN-MELO1
1. LIVE-UFBA - Laboratório de Infectologia Veterinária, Hospital de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, 2. DEAPAC-UFBA - Departamento de Anatomia, Patologia e Clínicas Veterinárias, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA
marianaolivmen@hotmail.com

A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose potencialmente fatal, endêmica e negligenciada que acomete principalmente cães domésticos e humanos, sendo a Leishmania infantum o agente etiológico de maior importância no Brasil. Em cães naturalmente infectados por L. infantum , a ocorrência concomitante de outras infecções de transmissão vetorial tem sido associada à maior frequência e gravidade de sinais clínicos e aumento da carga parasitária de Leishmania . O objetivo deste estudo foi determinar a frequência de coinfecções por Ehrlichia canis e Babesia canis em cães naturalmente infectados por L. infantum e domiciliados em municípios endêmicos da Bahia. Foram estudados 104 cães, atendidos no Ambulatório de Leishmanioses Zoonóticas do Hospital-Escola de Medicina Veterinária da UFBA (Salvador), com suspeita clínica e/ou soropositivos em testes de triagem para LV, encaminhados por veterinários clínicos de 16 municípios do Estado. Amostras de aspirado esplênico desses cães foram submetidas à extração de DNA e análise por PCR qualitativa utilizando primers RV1/RV2 específicos para L. infantum . Amostras de sangue periférico dos cães com infecção confirmada por L. infantum foram analisadas por nested-PCR para detecção de E. canis , e por PCR qualitativa para B. canis . O DNA de L. infantum foi detectado em um total de 47 cães (45,1%,47/104), dos quais 31,9% (15/47) foram também positivos para DNA de E. canis (21,2%; 10/47) e B. canis (10,6%; 5/47). As co-infecções L. infantum-E. canis foram mais frequentes, ocorrendo em 66,6% (10/15) dos cães coinfectados, enquanto coinfecções L. infantum-B. canis ocorreram em 33,3% (5/15). Apenas um cão coinfectado (1/15; 6,7%) apresentou a infecção tripla L. infantum-E. canis-B. canis. Estudos são necessários para a maior compreensão dos efeitos do sinergismo desses patógenos sobre o sistema imune do cão, uma vez que as comorbidades, além de agravarem os sinais clínicos da LV canina, favorecem maior replicação da L. infantum, consequentemente maior risco de transmissão a outros animais e humanos. Nossos dados demonstram a alta frequência de coinfecções em áreas endêmicas e evidenciam a necessidade de investigar fármacos e protocolos terapêuticos adequados a cães, que assim contribuam para melhor controle da leishmaniose visceral nas áreas endêmicas do Brasil.



Palavras-chaves:  Caninos, Comorbidades, Leishmaniose zoonótica