ANÁLISE GEOESPACIAL DA HANSENÍASE EM MENORES DE 15 ANOS EM UMA CAPITAL DO NORDESTE BRASILEIRO
ANA CAROLINA AGUIAR CARDOSO1, LIA RAKEL ROCHA DE OLIVEIRA SILVA1, VITOR MONTE DE CASTRO ALENCAR 1, TELMA MARIA EVANGELISTA DE ARAÚJO1
1. FAHESP/IESVAP - Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba, 2. UESPI - Universidade Estadual do Piauí, 3. UFPI - Universidade Federal do Piauí
vitormdca@gmail.com

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, dermatoneurológica, com relevante magnitude e alto poder incapacitante. A percepção da espacialização da doença pode subsidiar o aperfeiçoamento de ações no controle na APS. O objetivo deste trabalho é analisar a distribuição espacial dos casos de hanseníase em menores de 15 anos em Teresina/Piauí. Trata-se de um estudo ecológico, analítico, realizado na zona urbana de Teresina, cuja população compreendeu todos os casos novos de hanseníase na faixa etária de 0 a 14 anos residentes no município, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no período de 2010 a 2016. Foram excluídos aqueles sem o endereço informado. Os dados foram coletados a partir do SINAN/Secretaria de Saúde do Piauí Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Empresa Teresinense de Processamento de Dados. Realizou-se o georreferenciamento dos casos novos de hanseníase, calculou-se a taxa de detecção geral média em menores de 15 anos por bairro e realizou-se suavização dessas taxas por meio Estimador Bayesiano Empírico Local, calculando-se Índice de Moran Global e gerado mapas cloropléticos para análise, utilizando-se o software Terraview 4.2.2. Foram notificados 3.428 casos novos de hanseníase, sendo 304 em menores de 15 anos com taxa de detecção elevada a níveis hiperendêmicos em todos os anos do estudo e padrão irregular na distribuição espacial da taxa média de detecção bruta, evidenciada por bairros hiperendêmicos (56,36%) e bairros com baixas taxas de detecção ou silenciosos (37,27%). Após o emprego do modelo bayesiano empírico local de suavização das taxas de detecção média por bairro, observou-se que a maior parte deles apresentava alta taxa de detecção (13,65%), principalmente de hiperendemicidade (77,27%). Notou-se autocorrelação positiva (p<0,05) entre as taxas de detecção suavizadas de hanseníase em bairros vizinhos, na análise individual. As elevadas taxas de detecção em menores de 15 anos em todos os anos do estudo estão relacionadas à persistência de focos ativos de transmissão, decorrentes de bacilos circulantes de casos multibacilares, refletindo a forma de organização da assistência à hanseníase nos serviços de saúde. A taxa de detecção da hanseníase está autocorrelacionada no espaço. Aponta-se que a importância do geoprocessamento vai além da localização de casos, podendo ser utilizado no planejamento e execução de ações de prevenção e promoção da saúde.



Palavras-chaves:  Hanseníase, Análise espacial, Epidemiologia