AVALIAÇÃO DA COLÔNIA DE Aedes aegypti SELECIONADA COM BIOLARVICIDA Bacillus thuringiensis svar. israelensis, EM RELAÇÃO À SUSCETIBILIDADE AO BTI, INSETICIDAS QUÍMICOS E ENZIMAS DETOXIFICADORAS
KARINE DA SILVA CARVALHO 1, MÔNICA MARIA CRESPO1, ANA PAULA ARAÚJO1, RENATA SANTANA DA SILVA1, MARIA HELENA NEVES LOBO SILVA-FILHA1
1. IAM - FIOCRUZ-PE - Instituto Aggeu magalhães
karine.lobo@hotmail.com

O controle de Aedes aegypti pode ser realizado através de biolarvicidas a base de Bacillus thuringiensis svar. israelensis (Bti) cuja atividade inseticida deve-se à quatro protoxinas (Cry11Aa, Cry4Ba, Cry4Aa e Cyt1Aa) que têm como alvo receptores no epitélio intestinal. Embora o Bti apresente um modo de ação seletivo, o risco de resistência de Ae. aegypti frente à sua intensa exposição ao Bti precisa ser investigado, bem como sua resposta a outros agentes de controle. Dessa forma, objetivou-se selecionar uma colônia de Ae. aegypti continuamente exposta ao Bti (RecBti) e avaliar sua suscetibilidade ao Bti, às protoxinas (Cry11Aa e Cry4Ba), ao organofosforado temephos e ao IGR diflubenzuron, além de quantificar a atividade de enzimas detoxificadoras (α e β esterases, glutationa-S-transferases e oxidases de função mista). Os valores da razão de resistência (RR) foram obtidos através das concentrações letais (CL 50 e CL 90 ) e de inibição de emergência (CIE 50 e CIE 90 ) para a RecBti, comparadas à colônia de referência (Rockefeller). A atividade das enzimas detoxificadoras baseou-se na utilização de substratos específicos. A colônia RecBti foi exposta por 30 gerações quando mais de 280.000 larvas foram tratadas e mortalidade média foi de 74% a cada geração. A suscetibilidade ao Bti e protoxinas foi avaliada em sete gerações (F 1 , F 5 , F 10, F 15, F 20 , F 25 e F 30 ) e a média das RRs (Bti-1,6, Cry11Aa-2,4, Cry4Ba-2,1) não apresentaram alteração significativa, para larvas ao longo a exposição ao Bti, comparada à referência. Foi detectado apenas um aumento da CL 50 da Cry11Aa nas últimas avaliações (F 25 e F 30 ), sugerindo que esta toxina é um marcador da pressão de seleção imposta à colônia. Larvas RecBti também foram suscetíveis ao temephos (RR=1,0) e ao diflubenzuron (RR=1,5). O perfil das enzimas detoxificadoras avaliado em larvas da F 19 e F 25 manteve-se inalterado sendo detectado apenas um aumento (27%) para β-esterases em uma das avaliações (F 25 ), apesar da exposição ao Bti. Os resultados mostram que a colônia de Ae. aegypti exposta continuamente ao Bti se mantém suscetível ao Bti e suas toxinas, sendo um biolarvicida com baixo potencial de seleção de resistência. O uso contínuo do Bti também não foi associado a um aumento de enzimas detoxificadoras, o que poderia levar a resistência metabólica aos outros compostos testados, e a suscetibilidade inalterada ao temephos e ao diflubenzuron confirmou a ausência de resistência cruzada.



Palavras-chaves:  resistência, suscetibilidade, toxinas Cry, vetor