MORBIMORTALIDADE HOSPITALAR POR LEISHMANIOSE VISCERAL NO NORDESTE BRASILEIRO |
A Leishmaniose Visceral mantém-se no panorama epidemiológico nacional como um grave problema de saúde pública, com influência marcante dos determinantes sociais na sua estrutura epidemiológica. Faz-se preciso analisar os dados nordestinos do impacto hospitalar desta morbidade, haja vista, os dados socioeconômicos desta região que impactam diretamente nesta morbidade. Buscou-se neste estudo compreender o perfil nordestino de internações por Leishmaniose Visceral no Sistema Único de Saúde. Trata-se de uma pesquisa epidemiológica, descritiva, retrospectiva de série temporal, do tipo ecológico. A população foi composta pelos pacientes que passaram por hospitalização cujo diagnóstico principal na Autorização de Internação Hospitalar (AIH) foi a Leishmaniose Visceral. Os dados da pesquisa são secundários, classificados pela origem do paciente, cuja hospitalização tenha ocorrido entre 2010 e 2014, com registro no Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), dispensando-se desta forma a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Ao longo da série temporal, constata-se uma oscilação no número de casos, que totalizaram 6.397 hospitalizações. A variação percentual evidenciou um aumento de 47,47% nos internamentos do período. Maranhão, Ceará e Bahia, nesta ordem, foram os estados com mais hospitalizações no período, correspondendo a 26,9%, 24,3% e 17,2%, respectivamente, do total. Dentro da série temporal, o principal caráter de atendimento foi a urgência, com 6.075 dos casos, com 5.671 dos internamentos realizados no setor público. A taxa de mortalidade hospitalar variou no período entre 4,52 em 2010 para 4,42 em 2014, uma leve redução numa série estável. Vê-se que a regularidade e estabilidade na série temporal abordada corrobora com o registro da literatura de manutenção desta morbidade como um problema de saúde pública. Associa-se esta estabilidade dos casos à mudança na estrutura epidemiológica com a urbanização dos casos que antes concentravam-se massivamente nas zonas rurais. Assim, a partir do traçado do perfil de morbimortalidade da Leishmaniose Visceral, é possível organizar os serviços de saúde a repensar as atividades de prevenção primária, secundária e terciária, bem como favorecer a alocação de recursos do sistema de saúde de forma a comportar o financiamento destas hospitalizações. De posse das características expostas, os profissionais de saúde tornam-se ainda mais capacitados a atuarem no manejo dos casos. |