Estudo do tropismo do vírus dengue tipo 4 em modelo murino BALB/c: infecção experimental, análises morfológicas e de viremia
ARTHUR DA COSTA RASINHAS1, MARCOS ALEXANDRE NUNES DA SILVA1, GABRIELA CARDOSO CALDAS 1, FERNANDA CUNHA JÁCOME 1, RAPHAEL LEONARDO1, FLÁVIA BARRETO DOS SANTOS1, PRISCILA CONRADO GUERRA NUNES1, ORTRUD MONIKA BARTH1, DEBORA FERREIRA BARRETO VIEIRA1
1. LMMV/IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral - Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, 2. LIV/IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Imunologia Viral - Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz
gabrielacardosocaldas@gmail.com

Desde sua introdução no território brasileiro, no ano de 1981, o vírus dengue 4 (DENV-4) permaneceu ausente do cenário epidemiológico nacional por quase 25 anos, até sua reintrodução em 2010. Esse evento marcou a cocirculação dos quatro sorotipos do vírus no país e, consequentemente, o estabelecimento de um cenário hiperendêmico, com a ocorrência cada vez mais frequente de infecções secundárias. Estudos acerca da patogênese da dengue são dificultados, principalmente, pela inexistência de modelos animais experimentais que reproduzam adequadamente a infecção pelo vírus como observada em casos humanos. Alguns modelos utilizados atualmente fazem uso de animais imunodeficientes, vias de inoculação invasivas e inóculos virais neuroadaptados, condições consideradas desfavoráveis e distantes das naturais. Devido a isso, o estabelecimento de um modelo animal adequado que reproduza a infecção por DENV de modo similar ao observado em casos humanos é um marco essencial a ser alcançado para possibilitar a compreensão da patogênese da doença, assim como para o desenvolvimento de fármacos e vacinas eficazes. Para tal, é necessária a elucidação dos efeitos histopatológicos, ultraestruturais e moleculares de cada um dos sorotipos sobre o modelo proposto, individualmente e simultaneamente, assim como a manutenção da fidedignidade da via de inoculação do mosquito, da virulência das cepas virais e da imunocompetência do animal. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo analisar o potencial tropismo do DENV-4 por fígado, pulmão e coração de camundongos da linhagem BALB/c e avaliar as alterações morfológicas e ultraestruturais geradas pelo vírus nestes órgãos. Para tal, camundongos da linhagem imunocompetente BALB/c foram inoculados por via intravenosa com doses não neuroadaptadas de DENV-4 isolado de caso humano, e amostras de tecido provenientes do fígado, pulmão e coração dos animais foram submetidas à análise histopatológica e ultraestrutural. Adicionalmente, amostras destes mesmos órgãos, assim como amostras de saliva, foram submetidas à técnica molecular (RT-PCR em tempo real), de modo a quantificar a replicação viral e avaliar seu potencial tropismo por estes tecidos. Alterações observadas nos órgãos estudados apresentaram perfil semelhante ao caracterizado em casos humanos de dengue, e a detecção do genoma viral nos tecidos analisados e em amostras de saliva revelou a susceptibilidade do modelo ao sorotipo. 



Palavras-chaves:  CAMUNDONGO BALB/c, DENGUE, MORFOLOGIA