AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E MOLECULAR DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DENGUE SOROTIPO 3 EM PULMÃO DE CAMUNDONGOS BALB/c
GABRIELA CARDOSO CALDAS 1,2, FERNANDA CUNHA JÁCOME 1,2, ARTHUR DA COSTA RASINHAS1,2, ORTRUD MONIKA BARTH1,2, FLÁVIA BARRETO DOS SANTOS1,2, PRISCILA CONRADO GUERRA NUNES1,2, YULI RODRIGUES MAIA DE SOUZA1,2, PEDRO PAULO DE ABREU MANSO1,2, MARCELO PELAJO MACHADO1,2, DEBORA FERREIRA BARRETO VIEIRA1,2
1. LMMV/IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral - Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, 2. LIV/IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Imunologia Viral - Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, 3. LABPAT/IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Patologia - Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz
gabrielacardosocaldas@gmail.com

O envolvimento dos pulmões no curso da infecção pelos vírus dengue (DENV) vem sendo relatado na literatura e as principais alterações teciduais incluem a presença de infiltrado inflamatório mononuclear, espessamento de septo alveolar e congestão alveolar difusa. O estabelecimento de modelos animais para estudos de infecções pelos DENV tem sido um desafio, uma vez que os vírus epidêmicos circulantes não infectam naturalmente espécies não-humanas. Tais estudos são de grande relevância para as diversas áreas de pesquisa em dengue, incluindo imunopatogênese, desenvolvimento de fármacos e vacinas. Diante deste cenário, o objetivo principal deste estudo é verificar possíveis alterações morfológicas, bem como a presença de antígenos e RNA viral em amostras de pulmão de camundongos BALB/c infectados experimentalmente com uma cepa de DENV-3 epidêmica e não neuroadaptada. Camundongos BALB/c machos, de 2 meses de idade, foram inoculados com DENV-3 pela via intravenosa. Após 72 horas de infecção, os animais foram eutanasiados e os pulmões foram coletados. Parte das amostras foi processada por técnicas padrão para análises por microscopia de luz e eletrônica de transmissão e outra parte foi processada objetivando análises por PCR em tempo real. Análises morfológicas de pulmões provenientes de camundongos não infectados mostraram áreas teciduais preservadas. Em camundongos infectados com o DENV-3, as análises revelaram espessamento de septo interalveolar com presença de infiltrado inflamatório, focos de atelectasia alveolar e hiperventilação, focos de hemorragia no septo interalveolar e em bronquíolos, congestão capilar periférica, acúmulo de líquido no capilar sanguíneo, sinais de necrose de células intersticiais e presença de plaquetas e células inflamatórias mononucleadas circulando nos capilares e/ou aderidas ao endotélio. Além disso, foi observada a ativação de células endoteliais, plaquetas, célula inflamatória mononucleada e de célula inflamatória polimorfonucleada do tipo neutrófilo, evidenciada pela emissão de prolongamento da membrana citoplasmática. Partículas semelhantes aos DENV foram vistas no citoplasma de células endoteliais. O genoma viral foi recuperado de 3 em 12 amostras de pulmão. Esses resultados demonstram que o camundongo BALB/c representa um modelo adequado para estudo das alterações histopatológicas induzidas pela infecção pelos DENV em pulmão,  com alterações teciduais semelhantes às observadas em casos humanos de DEN.



Palavras-chaves:  CAMUNDONGO BALB/c, DENGUE, HISTOPATOLOGIA, PULMÃO, ULTRAESTRUTURA