HANSENÍASE EM CRIANÇAS MENORES DE 15 ANOS: REDUÇÃO DA TRANSMISSÃO ATIVA DA DOENÇA DE 2001 A 2015 NO BRASIL.
CAROLINE GURGEL DIAS FLORÊNCIO 1, PAULA SACHA NOGUEIRA FROTA1, KELLYN KESSIENE DE SOUSA CAVALCANTE1, REAGAN NZUNDU BOIGNY1, CARLOS HENRIQUE ALENCAR1
1. UFC - Universidade Federal do Ceará, 2. SESA-CE - Secretaria de Saúde do estado do Ceará, 3. FATE - Faculdade Ateneu
CAROLINE.FLORENCIO1985@GMAIL.COM

Introdução: A hanseníase ainda constitui um problema de saúde pública no Brasil, apesar das estratégias dirigidas ao seu controle. A análise de tendência da hanseníase no país torna-se fundamental para compreender e comparar os indicadores epidemiológicos da doença, devido à magnitude de transmissão da micobactéria, acometendo, inclusive, crianças. Objetivo: Analisar a tendência temporal dos coeficientes de detecção de casos novos da hanseníase em crianças (menores de 15 anos) e a proporção de casos novos nesta população, no Brasil, de 2001 a 2015. Desenho de estudo: Estudo ecológico de tendência temporal. Métodos: Casos novos em crianças foi coletado do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e as estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os coeficientes foram calculados segundo preconizado pelo Ministério da Saúde, utilizando-se do software Stata 15.1. A análise temporal foi realizada através do Joinpoint Regression Program 4.0.4. Resultados: Foram notificados 46.448 casos de hanseníase em crianças no país. A média do coeficiente de detecção de casos novos em crianças foi de 6,13/100 mil habitantes, com tendência temporal crescente no intervalo de 2001 a 2004, porém não significativo (APC= 5,71; IC95%: -0,4 a 12,2; p=0,06), com declínio no período subsequente, sendo significante de 2004 a 2010 (APC= -7,42; IC95%: -10 a -4,8; p=0,00) e não significativo entre 2010 e 2015 (APC= -1,3; IC95%: -4,6 a 2,1; p=0,39). O coeficiente médio da proporção de casos novos em menores de 15 anos foi 7,5%. Houve um aumento entre 2001 e 2005 (APC= 1,09; IC95%: -1,5 a 3,8; p=0,35), redução significativa entre 2005 e 2011 (APC= -2,46; IC95%: -4,5 a -0,4; p=0,02) e um aumento não significativo de 2011 a 2015 (APC= 2,65; IC95%: -0,8 a 6,2; p=0,10). Discussão: Os valores dos coeficientes avaliados no estudo são considerados altos pela Organização Mundial da Saúde. A proporção de casos em crianças mostrou-se crescente a partir de 2011 e esse dado pode ter relação com a estratégia de combate à hanseníase neste público por meio da auto avaliação de imagem realizada nas escolas. Conclusão: Ambos os indicadores apresentaram uma tendência de decréscimo de casos novos de hanseníase em crianças. São necessários mais investimentos direcionados à capacitação aos profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde sobre identificação da hanseníase em crianças, principalmente nos estados e nos municípios onde a doença é endêmica.



Palavras-chaves:  Atenção básica em Saúde, Criança, Epidemiologia, Hanseníase, Saúde Pública