PERFIL CLÍNICO-LABORATORIAL DOS CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA, FORTALEZA, 2007-2016
CLARICE PESSOA ALMEIDA 1, JARIER DE OLIVEIRA MORENO1, FRANCISCO ROGER AGUIAR CAVALCANTE1, KELLYN KESSIENE DE SOUSA CAVALCANTE1, CARLOS HENRIQUE ALENCAR1
1. UFC - Universidade Federal do Ceará
clarice_pessoa@hotmail.com

A Leishmaniose Visceral Humana (LVH) possui manifestações clínicas de evolução grave, onde o paciente apresenta sintomas de febre, emagrecimento, hepatoesplenomegalia, astenia, adinamia e anemia, se não tratada pode levar até 90% dos casos a óbito. O objetivo do trabalho foi descrever as características clínico-laboratoriais dos casos de LVH no município de Fortaleza, no período de 2007 a 2016. Realizou-se estudo transversal descritivo de dados secundários dos casos de LVH proveniente do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foram calculadas frequências absolutas e relativas das variáveis clínico-laboratoriais (sinais e sintomas, tipo de entrada, coinfecção HIV, critério de confirmação, exames laboratoriais, droga, evolução) usando o Stata 11.2. Foram confirmados 1741 casos de LVH. Febre, aumento do baço, emagrecimento, fraqueza, aumento do fígado e palidez estiveram presentes em 93,5%, 73,0%, 70,2%, 68,9%, 67,1% e 57,0% dos casos, respectivamente. Foram notificados como casos novos 92,0%. A coinfecção com o vírus HIV foi registrada em 13,7% dos casos e 18,0% foram ignorados. 95,3% dos casos foram confirmados laboratorialmente, onde os testes imunológicos IFI foi positivo em 11,0% e não realizado em 84,4%, e outro teste foi positivo em 60,2% e não realizado em 34,8%. O exame parasitológico foi positivo em 38,0% e não realizado em 49,8%. A droga administrada mais frequente foi antimonial pentavalente, seguida da anfotericina B e a anfotericina B lipossomal com 57,9%, 19,6% e 14,6%, respectivamente. Evoluíram para a cura 79,3% dos casos, 7,3% tiveram a evolução ignorada e 6,9% foram a óbito por LV. A variável coinfecção LVH-HIV foi ignorada em mais de 18,0% dos casos, demonstrando falhas no preenchimento das fichas, haja vista que a coinfecção vem crescendo principalmente na faixa etária de 20 a 39 anos. Mais de 95% dos casos foram confirmados através de testes laboratoriais, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde. A droga mais utilizada para o tratamento ainda é o antimonial pentavalente mesmo esta tendo efeitos colaterais. A anfotericina é uma boa escolha de droga, porém tem custo elevado. Apesar de quase 80% dos casos terem evoluído para a cura, quase 7% foram a óbito, representando uma letalidade elevada. Os parâmetros clínicos-laboratoriais da LVH são amplos e necessitam de estudos que avaliem fatores associados. Os tratamentos disponíveis devem ser avaliados através de padrões temporais para caracterização mais apurada de seu uso.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Estudo transversal, Leishmaniose Visceral