PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA, FORTALEZA, 2007-2016
CLARICE PESSOA ALMEIDA 1, JARIER DE OLIVEIRA MORENO1, FRANCISCO ROGER AGUIAR CAVALCANTE1, KELLYN KESSIENE DE SOUSA CAVALCANTE1, CARLOS HENRIQUE ALENCAR1
1. UFC - Universidade Federal do Ceará
clarice_pessoa@hotmail.com

A Leishmaniose Visceral Humana (LVH) é considerada uma doença tropical negligenciada e sua presença está relacionada a fatores sociais e ambientais, o que pode influenciar de forma direta na epidemiologia da doença. No mundo, estimam-se 50 a 90 mil novos casos de LVH por ano. No município de Fortaleza, Ceará, esta doença é de transmissão intensa, com média maior do que 4,4 casos dos últimos cinco anos. A doença tem comportamento endêmico com alguns períodos de epidemia. O objetivo deste trabalho foi descrever as características sócio demográficas dos casos de LVH no município de Fortaleza, de 2007 a 2016. O estudo é transversal e descritivo, com dados de notificações de LVH registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foram calculadas frequências absolutas e relativas das variáveis: sexo, faixa etária, raça e escolaridade, utilizando o Stata 11.2. Foram confirmados 1.741 casos de LVH, sendo 69,0% do sexo masculino. As faixas etárias de 20 a 39 anos, 40 a 59 anos e crianças menores de quatro anos representaram, respectivamente, 28,5%, 25,3% e 24,2% do total de casos confirmados. A raça mais frequente foi a parda, com 84,8% dos casos. A maior frequência da escolaridade se deu entre os ignorados (43,2%), em seguida a categoria não se aplica representou 26,5% dos casos, seguida do fundamental I incompleto (7,5%), ensino médio completo (6,3%) e fundamental II incompleto (5,8%). O maior percentual de acometimento da LVH em pessoas do sexo masculino está relacionado à maior exposição em atividades ocupacionais e às áreas com presença de flebotomíneos. Crianças com menos de quatro anos podem ser mais suscetíveis à infecção devido à imaturidade do sistema imunológico, ao passo que o acometimento em indivíduos de 20 a 39 anos pode estar associado à coinfecção com o vírus da imunodeficiência humana, tornando-os mais vulneráveis imunologicamente. A maior frequência de LVH em indivíduos da raça parda é explicada pela maior população de indivíduos desta raça. A incompletitude no campo da escolaridade dificulta o perfeito entendimento sobre a correlação com fatores sociais. A LVH em Fortaleza apresenta características podem estar vinculadas ao acometimento em pessoas socialmente vulneráveis. No entanto, estudos que possam verificar possíveis fatores associados e quanto os mesmos podem influenciar no acometimento dessa doença são importantes para o entendimento de possíveis fatores de risco.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Estudo transversal, Leishmaniose Visceral