INDUÇÃO DE IMUNIDADE CONTRA O DESENVOLVIMENTO DE MALÁRIA CEREBRAL MURINA APÓS IMUNIZAÇÃO COM EXTRATO PROTEICO DE PARASITOS DE BAIXA VIRULÊNCIA
DANIELA CHAVES RENHE 1, BÁRBARA ALBUQUERQUE CARPINTER1, KÉZIA KATIANI GORZA SCOPEL1
1. UFJF - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
danielarenhe@yahoo.com.br

Anualmente cerca de 200 milhões de casos clínicos de malária são registrados em todo o mundo, tornando o desenvolvimento de vacinas antimaláricas um dos principais objetivos da Organização Mundial de Saúde. Atualmente os protótipos vacinais compostos por parasitos vivos atenuados, ou os que contam com a utilização de proteínas do parasito em sua composição, têm demonstrado bons resultados durante os ensaios de imunização. No entanto, ainda não se sabe se parasitos de baixa virulência são capazes de promover proteção contra o desenvolvimento de quadros graves como a malária cerebral. Assim, objetivamos investigar se as imunizações com extrato proteico de Plasmodium berghei NK65 (PbN) são capazes de proteger contra o desenvolvimento de malária cerebral (MC) murina induzida por Plasmodium berghei ANKA (PbA). Camundongos C57BL/6 foram imunizados duas vezes, em intervalo de 21 dias, com 50 µg de extrato proteico de PbN ou PbA, associados ao adjuvante CpG-ODN, e, 30 dias após a segunda imunização, os animais foram desafiados com 10 5 células parasitadas com PbA. A partir do 4º dia após o desafio os animais foram avaliados clinicamente sendo eutanasiados na presença de sinais clínicos neurológicos (posição do corpo e marcha, por exemplo). Então, foram coletados sangue, baço e cérebro para determinação dos níveis de anticorpos IgG, frequência de células TCD4 + e TCD8 + e linfócitos B esplênicos e análise histopatológica, respectivamente. Observou-se que 46% dos animais imunizados com extrato de PbN e 69% dos animais imunizados com extrato de PbA foram protegidos do desenvolvimento de MC, não apresentando alterações histopatológicas no cérebro, como hemorragias e presença de leucócitos aderidos aos vasos característicos desse quadro. No entanto, estes animais desenvolveram hiperparasitemia sanguínea (HP). Em relação ao número de linfócitos, estes estiveram significativamente reduzidos nos animais que desenvolveram HP em relação aos que desenvolveram MC. Os anticorpos produzidos foram capazes de reconhecer tanto antígenos homólogos quanto heterólogos ao utilizado durante o processo de imunização, porém, estes parecem não influenciar no padrão clínico apresentado pelos animais. Portanto, imunizações com extrato proteico de parasitos de baixa virulência são capazes de gerar proteção contra o desenvolvimento de MC, mas os mecanismos envolvidos nesse processo precisam ser melhor investigados.

Suporte financeiro: FAPEMIG, CAPES, CNPq e UFJF

 

 



Palavras-chaves:  imunização, malária cerebral, Plasmodium berghei