ESTUDO ENTOMOLÓGICO E CANINO EM ÁREA ENDÊMICA DE LEISHMANIOSE VISCERAL, MUNICÍPIO DE IPATINGA, REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO AÇO, MINAS GERAIS, MG
ROSANA SILVA LANA1, ERIKA MONTEIRO MICHALSKY1, LIVIA OLIVEIRA LOPES1, FABIANA OLIVEIRA LARA E SILVA1, JOÃO CARLOS FRANÇA-SILVA1, CONSUELO LATORRE FORTES-DIAS1, LETÍCIA CAVALARI PINHEIRO1, DANIEL MOREIRA AVELAR1, SOLANE PIRES TEIXEIRA1, TELMA SEMIRAMIS DE CASTRO MENDES1, ANA CRISTINA VIANNA MARIANO ROCHA-LIMA1, JEIZA LOPES NASCIMENTO1, EDELBERTO SANTOS DIAS1
1. IRR - Instituto René Rachou, 2. UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais, 3. FUNED - Fundação Ezequiel Dias, 4. SMS - IPATINGA - Secretaria Municipal de Saúde de Ipatinga
ekamichalsky@hotmail.com

A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de grande importância médico-veterinária e um grave problema de saúde pública. Com o processo de urbanização, estudos sobre a biologia e o comportamento dos vetores associados ao reservatório canino, podem contribuir efetivamente para o controle desta endemia. Em Ipatinga, desde 2011 vem sendo notificados casos de LV, com ocorrência de óbitos, o que gerou uma grande preocupação das autoridades de saúde e caracterizou o município como área de intensa transmissão de LV, de acordo com o Ministério da Saúde. O objetivo deste trabalho foi estudar os aspectos ecoepidemiológicos da LV (fauna flebotomínica associada ao reservatório). Para o estudo entomológico, foram selecionados 1 0 bairros do município e o critério para a escolha foi a ocorrência de casos humanos de LV. As capturas entomológicas foram realizadas durante 12 meses (03/2015 a 02/2016) e todas as fêmeas capturadas foram submetidas a Nested/PCR e sequenciamento para detecção e caracterização da espécie de Leishmania. Para o estudo canino, foi realizado inquérito sorológico amostral utilizando como diagnóstico o DPP (triagem) e o ELISA (confirmatório). Quarenta e quatro cães soropositivos foram necropsiados e com amostras de pele e medula foram realizados imprints/esfregaços, mielocultura e PCR. Todos os casos humanos e caninos de LV ocorridos no período de estudo foram georreferenciados e construídos mapas de distribuição, visando identificar as áreas de risco para LV.   Foram capturados 1501 exemplares de flebotomíneos, distribuídos em 16 espécies. Ressaltamos o encontro de Lutzomyia longipalpis (61,9%), Nyssomyia whitmani (1,2%) e Nyssomyia intermedia (0,9%), espécies de importância médica. A taxa mínima de infecção natural por Leishmania em flebotomíneos ficou em 0,3% e a espécie circulante nos vetores foi Leishmania infantum . Foram examinados 9.136 cães, destes 1.355 foram positivos, ficando a taxa de positividade canina em 14,8%. Nos estudos moleculares e parasitológicos, a pele apresentou maior positividade (95,5% e 54,5%) em relação à medula (68,2%, e 50,0%), já na mielocultura a positividade foi de 66,67%. Após o sequenciamento confirmamos que a espécie circulante nos reservatórios foi L. infantum . Portanto, devido à alta densidade vetorial e infecção por Leishmania , expressiva taxa de infecção canina e registros de casos humanos de LV, é importante intensificar as ações de controle para que a doença não se espalhe de forma descontrolada no município.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Leishmaniose Visceral, Lutzomyia longipalpis