ESTUDO ENTOMOLÓGICO E CANINO EM ÁREA ENDÊMICA DE LEISHMANIOSE VISCERAL, MUNICÍPIO DE IPATINGA, REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO AÇO, MINAS GERAIS, MG |
A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de grande importância médico-veterinária e um grave problema de saúde pública. Com o processo de urbanização, estudos sobre a biologia e o comportamento dos vetores associados ao reservatório canino, podem contribuir efetivamente para o controle desta endemia. Em Ipatinga, desde 2011 vem sendo notificados casos de LV, com ocorrência de óbitos, o que gerou uma grande preocupação das autoridades de saúde e caracterizou o município como área de intensa transmissão de LV, de acordo com o Ministério da Saúde. O objetivo deste trabalho foi estudar os aspectos ecoepidemiológicos da LV (fauna flebotomínica associada ao reservatório). Para o estudo entomológico, foram selecionados 1 0 bairros do município e o critério para a escolha foi a ocorrência de casos humanos de LV. As capturas entomológicas foram realizadas durante 12 meses (03/2015 a 02/2016) e todas as fêmeas capturadas foram submetidas a Nested/PCR e sequenciamento para detecção e caracterização da espécie de Leishmania. Para o estudo canino, foi realizado inquérito sorológico amostral utilizando como diagnóstico o DPP (triagem) e o ELISA (confirmatório). Quarenta e quatro cães soropositivos foram necropsiados e com amostras de pele e medula foram realizados imprints/esfregaços, mielocultura e PCR. Todos os casos humanos e caninos de LV ocorridos no período de estudo foram georreferenciados e construídos mapas de distribuição, visando identificar as áreas de risco para LV. Foram capturados 1501 exemplares de flebotomíneos, distribuídos em 16 espécies. Ressaltamos o encontro de Lutzomyia longipalpis (61,9%), Nyssomyia whitmani (1,2%) e Nyssomyia intermedia (0,9%), espécies de importância médica. A taxa mínima de infecção natural por Leishmania em flebotomíneos ficou em 0,3% e a espécie circulante nos vetores foi Leishmania infantum . Foram examinados 9.136 cães, destes 1.355 foram positivos, ficando a taxa de positividade canina em 14,8%. Nos estudos moleculares e parasitológicos, a pele apresentou maior positividade (95,5% e 54,5%) em relação à medula (68,2%, e 50,0%), já na mielocultura a positividade foi de 66,67%. Após o sequenciamento confirmamos que a espécie circulante nos reservatórios foi L. infantum . Portanto, devido à alta densidade vetorial e infecção por Leishmania , expressiva taxa de infecção canina e registros de casos humanos de LV, é importante intensificar as ações de controle para que a doença não se espalhe de forma descontrolada no município. |