PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO ESTADO DO CEARÁ NO PERÍODO DE 2007 A 2016 |
Os animais peçonhentos são caracterizados por apresentarem a capacidade de inocular substâncias tóxicas produzidas em glândulas especializadas de seu corpo, quando estão caçando ou se sentindo ameaçados. Porém, existem animais que são venenosos, mas não são peçonhentos, devido ao fato deles não apresentarem nenhum órgão capaz de inocular veneno. Serpentes, escorpiões, aranhas, abelhas e dentre outros animais constituem a classe dos animais peçonhentos. No Brasil, acidentes causados por animais peçonhentos ainda são um problema emergente de saúde, tanto pelo número de casos registrados quanto pela gravidade apresentada. Este estudo objetivou conhecer o perfil epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos no estado do Ceará no período de dez anos (2007 a 2016). Trata-se de um estudo transversal epidemiológico de caráter descritivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido conforme análise de dados ofertados pela Secretaria de Saúde do Estado do Ceará e do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan) entre os anos de 2007 a 2016. Mediante análise dos dados encontrados no estado do Ceará, no período mencionado, houve 28.402 acidentes por animais peçonhentos notificados. Destes, 65,1% (18.494) foram acidentes por escorpião, 23,4% (6.169) dos acidentes foram serpentes e 11,5% (3.298) causados por aranhas e outros animais peçonhentos. As mulheres constituíram cerca de 51,2% das vítimas de acidentes por animais peçonhentos, sendo o escorpião (63,4%) o principal agressor, seguido pela lagarta (56,6%) e aranha (52,4%), em virtude desses animais habitarem em âmbito domiciliar. Os homens representam 48,8% dos acidentes registrados, sendo a serpente (79%) o principal agressor, seguido por abelha (63,4%) devido ocorrerem na zona rural, refletindo a imagem dos agricultores. Em relação à faixa etária, grande parte ocorreu entre 20 e 49 anos. Neste período, os números de acidentes ocasionados por serpentes aumentam ao longo do mês de julho, já para as abelhas a se dá no mês agosto e o escorpião entre outubro e janeiro. Nota-se que acidentes por animais peçonhentos são ainda um grave problema de saúde pública, sendo necessárias informações acerca da prevenção dos acidentes causados por esses animais. Assim, torna-se imprescindível a notificação compulsória como uma ferramenta valiosa na preparação de estratégias de prevenção e promoção da saúde, concedendo aos profissionais de saúde melhores condições de atendimento e tratamento das vítimas. |