VARIÁVEIS GEOGRÁFICAS E CLIMÁTICAS PREDITORAS DA OCORRÊNCIA DE LUTZOMYIA LONGIPALPIS (DIPTERA: PSYCHODIDAE), VETOR DA LEISHMANIOSE VISCERAL, NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, BRASIL
KARINA BERTAZO DEL CARRO GIACOMIN 1, CLAUDINEY BIRAL DOS SANTOS1, ISRAEL DE SOUZA PINTO1, BLIMA FUX1, ALOISIO FALQUETO1
1. UFES - Universidade Federal do Espírito Santo
BERTAZOKARINA@GMAIL.COM

Lutzomyia longipalpis é o principal vetor da leishmaniose visceral (LV) no Brasil. No estado do Espírito Santo (ES), os primeiros casos da doença foram diagnosticados em dois municípios, no final da década de 1960. Hoje, dez municípios são considerados endêmicos para a doença. Considerando a área atual de ocorrência de LV no ES, acredita-se que a endemia tenha migrado do estado de Minas Gerais, pelo vale do Rio Doce, onde o vetor encontra ambiente propício para o seu desenvolvimento.  Análise espacial vem sendo amplamente utilizada para elucidar os mecanismos de dispersão das doenças, com a finalidade de predizer seu avanço para novas áreas e propor medidas de controle. Sistemas de informação geográfica cumprem bem esse papel, possibilitando analisar as relações entre ambiente e os eventos relacionados à saúde. Nosso objetivo foi construir um modelo de nicho ecológico para L. longipalpis no ES, predizendo as áreas com possível ocorrência do inseto, para assim, alertar futura instalação da LV, bem como direcionar os recursos para as áreas prioritárias. As variáveis climáticas foram arroladas do banco de dados da WorldClim, enquanto as geográficas, do INPE e Geobases. Já os dados de presença da espécie transmissora são fruto de mais de 30 anos de pesquisas entomológicas no estado. Utilizamos como ferramenta o programa Arcgis (Versão 10.3.1) para inserção das variáveis selecionadas e, o algoritmo MaxEnt para a modelagem do nicho ecológico (MNE). A área sob curva ROC (AUC) foi superior a 0,9 indicando que o modelo gerado foi excelente. Dentre as variáveis estudadas, a precipitação da estação mais úmida foi a que mais contribuiu para a geração do modelo, seguida pela isotermalidade, precipitação da estação mais seca, sazonalidade térmica, altitude, afloramento rochoso e temperatura média anual. O vetor L. longipalpis é encontrado até o momento em 19 municípios do Espírito Santo. A MNE prevê ampliação da área propícia para ocorrência do inseto no vale do Rio Doce, e probabilidade limitada de se estender para fora dessa bacia hidrográfica.  



Palavras-chaves:  Geoprocessamento, Lutzomyia longipalpis, Modelagem de Nicho Ecológico