EXPERIÊNCIA DO “PROJETO CORARTE: CORAÇÃO COM ARTE” EM SALA DE ESPERA, DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM DOENÇA DE CHAGAS, DO ESTADO DE PERNAMBUCO |
Introdução: A doença de Chagas (DC) é uma infecção sistêmica, causada pelo T. cruzi. Destacam-se, em sua gênese e evolução, fatores relacionados à pobreza, negligência, estigmas, tabus e preconceitos que transcendem a esfera biomédica. Objetivo: Descrever a experiência do “Projeto CorArte: Coração com Arte” adotado na sala de espera, do Serviço de Referência (SR), em DC. Metodologia: Projeto concebido há 04 anos, pela equipe multiprofissional do SR (Terapia Ocupacional, Enfermagem, Psicologia e Medicina) e da Associação Pernambucana de DC, utilizando as diversas formas de expressão artística, como ferramenta de trabalho e adjuvante ao tratamento clínico. Desde então, foram realizadas 176 reuniões da Sala de Espera (SE), com média de 20 participantes por atividade. A cultura popular esteve presente usada especialmente por meio de cordel, grafite e música abordando temas relacionados à DC. Pessoas afetadas, direta ou indiretamente pela DC (pacientes e acompanhantes), participaram dessas ações, quer na condição de aprendizes, quer como tutores das atividades. Resultados: O trabalho de SE propiciou a troca de experiências e a vivência de diversos aspectos da gênese e evolução da DC que transcendem a consulta clínica. Após o “ Projeto CoArte: Coração com Arte” , observou-se o despertar da auto confiança entre o grupo, através de relatos que revelaram a ampliação da visão integral sobre si mesmos. Houve também demonstrações de maior entendimento de sua representatividade como sujeito principal do processo terapêutico, ultrapassando a condição “de ser ou estar doente”, com resgate da identidade individual, confiança e auto estima. A participação ativa das atividades artísticas foi traduzida como ampliação de horizontes, na medida em que se sentiram capazes de aprender e/ou ensinar algo novo. Discussão e Conclusão : A utilização da arte como ferramenta de trabalho biopsicossocial, tem sido adotada pelo SUS e defendida pela OMS que a reconhece como um caminho de auxilio terapêutico, promoção, reabilitação e recuperação da saúde. Através da arte, a pessoa pode expressar sentimentos e encontrar caminhos que favoreçam a comunicação de desconfortos e/ou experiências contraditórias, estigmas e tabus, de difícil diálogo. Particularmente, em relação à pessoa afetada pela DC, a necessidade de dialogar é premente, sobretudo, para o fortalecimento coletivo de sua voz, cidadania, auto estima, autonomia e dignidade. |