PERFIL CLÍNICO EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES CRÔNICOS COM DOENÇA DE CHAGAS ATENDIDOS EM SERVIÇO PÚBLICO DE REFERÊNCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO |
Introdução: A doença de Chagas (DC) é considerada uma condição crônica negligenciada, com elevada carga de morbimortalidade e impacto negativo biopsicossocial. Objetivo: Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes de doença de Chagas crônicos (DCC), atendidos em serviço de referência do Estado de Pernambuco. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, envolvendo 683 pacientes com DCC, acompanhados no período de 02/2016 a 05/2018. Foram incluídas as variáveis socioeconômicas, epidemiológicas e clínicas: comorbidades, classificação clínica pela I Diretriz Latino-americana de Cardiopatia Chagásica, variáveis eletrocardiográficas (ECG): (BRD - Bloqueio de ramo direito/BDASE-bloqueio divisional ântero-superior esquerdo) e presença de marca-passo (MP) ou cardiodesfibrilador implantável(CDI); ao ecocardiograma(ECO): Fração de Ejeção do Ventrículo esquerdo(FEVE), ao Holter: presença de Taquicardia Ventricular não Sustentada (TVNS) e Taquicardia Ventricular Sustentada(TVS). Resultados: A casuística apresentou idade média de 62 ± 12 anos, com predominância do sexo feminino 69%; natural da Zona da Mata (40,5%), seguida do Sertão (30%) e procedência da Região Metropolitana de Pernambuco (49,5%); grau de instrução: fundamental incompleto em 40,5% com 30% de analfabetismo; renda de até 1 salário mínimo (76%) com 12% sem nenhuma renda mensal declarada; 47% relatam DC na família; 82% já moraram em zona rural, e 90%, em casa de taipa; 79% informaram a presença do vetor na moradia, e 7% persistem com a presença do vetor até o momento. Entre as comorbidades: Hipertensão Arterial Sistêmica em 76%, Dislipidemia em 47%, Diabetes Mellitus em 17%, Doença Arterial Coronariana em 9%.Foram acometidos com acidente vascular encefálico em 11 %,relatos de megaesôfago em 14,5%, e megacólon, em 6%. ECG: BRD 40% BDASE 35,5%.ECO: FEVE média (54 % ± 15 %), presença de TVNS 9% e TVS 1,5%.Implante de MP em 16% e de CDI em 1%, quanto à classificação clínica: 21% A, 44%B1, 8%B2 e 27%C. Discussão e Conclusão: Houve o envelhecimento dos pacientes com DCC, aumento de comorbidades, diferentemente das décadas passadas.A forma clínica mais prevalente foi a cardíaca sem disfunção ventricular, no entanto, o baixo perfil socioeconômico e a presença de arritmias graves continuam presentes.São importantes as ações integradas entre os serviços de saúde, vigilância epidemiológica e entomológica com orientações e cuidados de educação em saúde, visando a uma assistência integral no controle da DC. |