PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL NA REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI, CEARÁ, BRASIL DE 2010 A 2017
RAUL DE FREITAS AQUINO 1, JÉSSICA RAYANNE PEREIRA SANTANA1, JOÃO LUIS CALOU PEREIRA1, ALEXANDRA DE SOUSA LIMA1, JAIR PAULINO DE SALES1, ESTELITA LIMA CÂNDIDO1, CLAÚDIO GLEIDISTON LIMA DA SILVA1
1. UFCA - Universidade Federal do Cariri , 2. FJN - Faculdade de Juazeiro do Norte
raulfreitasaquino@gmail.com

A Leishmaniose Visceral (LV), conhecida como Calazar, é uma síndrome clínica com apresentações variáveis, de assintomáticas até quadro crônico com febre, anemia, hepatoesplenomegalia, além de tosse seca e leucopenia. A doença é fatal se não tratada de imediato após a sintomatologia inicial e é considerada endêmica na Região Metropolitana do Cariri (RMC), formada pelos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. O trabalho em questão visa traçar o perfil epidemiológico de LV em humanos nos municípios da RMC. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo levantamento de dados, cuja coleta ocorreu na base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), referentes a morbimortalidade, faixa etária, etnia, sexo e localidade de ocorrência, no período de 2010 a 2017. No período estudado, foram notificados 235 casos nos três municípios, sendo que a maior incidência de LV ocorreu em 2015 com 39 casos, dos quais 20 (51,28%) eram de Crato. Barbalha apresentou um pico com 14 (18,66%) casos em 2014 e Juazeiro do Norte em 2010, com 16 (17,97%) casos, que também exibiu a maior proporção nessa faixa temporal com 89 casos (37,87%), seguido por Barbalha 75 (31,91%) e Crato 71 (30,21%). Observou-se que na RMC ocorreram 21 (8,93%) óbitos por LV e que Crato apresentou o maior número deles, com 8 óbitos (38,09%). Globalmente, houve predominância do sexo masculino, com 155 casos (65,95%) e da faixa etária de 1-4 anos. Todavia, em Crato, os mais acometidos possuíam entre 20 e 39 anos, com 17 casos (23,94%), sendo esta a segunda faixa prevalente nos outros municípios. Ademais,188 dos indivíduos com LV (80%) viviam na zona urbana. O aumento do número de casos de LV pode ser explicado por fatores ambientais, como o desmatamento, e pelos processos migratórios, fatores esses presentes na RMC. Uma urbanização desorganizada, como nas periferias, favorece também a expansão da doença. A razão da maior susceptibilidade das crianças é explicada pelo estado de relativa imaturidade imunológica celular e pela maior exposição. A maior exposição também é a possível causa do predomínio no sexo masculino. O estudo permitiu observar a LV como uma doença infecciosa de importância veemente frente ao número de casos, principalmente em pré-escolares, necessitando de maiores investimentos do poder público sob o controle de casos e do combate à subnotificação, atuando na prevenção dessa patologia negligenciada.



Palavras-chaves:  Leishmaniose Visceral, Perfil Epidemiológico, Sistemas de Informação em Saúde