ALTERAÇÕES DA HEMOSTASIA NO ACIDENTE OFÍDICO PEÇONHENTO POR BOTHROPS ERYTHROMELAS (JARARACA-DA-SECA) |
Acidente botrópico é descrito como promotor de transtornos hemostáticos, induzindo a incoagulabilidade sanguínea. O estudo avaliou alterações da hemostasia em ofidismo por Bothrops erythromelas , na ausência da soroterapia antibotrópica, através de análise documental, retrospectiva, transversal e quantitativa. Pacientes foram atendidos no Hospital Regional de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, Campina Grande/Paraíba (HETDLGF). Notificações realizadas pelo Centro de Assistência e Informação Toxicológica de Campina Grande (CIATOX-CG), de março de 2017 a março de 2018. Os dados foram coletados, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 66937817.8.0000.5187), e distribuídos em planilha (software Microsoft Office Excel 2013). As variáveis foram classificação do tipo de acidente, tempo transcrito entre acidente ofídico e atendimento hospitalar, TC (Tempo de coagulação), TP (Tempo de Protrombina) e TTPA (Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada). As serpentes foram identificadas pelo Laboratório de Animais Peçonhentos e Toxinas (LAPTOX-UEPB). Foram 139 pacientes, sendo 97 casos leves, 38 moderados e 4 graves. Houve 53 notificações entre 1 a 3 horas, 55 entre 3 a 6 horas e 31 superiores a 6 horas pós envenenamento. O TC incoagulável ocorreu em 87 casos leves e no somatório dos moderados e graves. No TP, houve alterações desde alargamento (n=61) até incoagulabilidade (n=68). Nos 87 casos leves analisados, houve alterações em todas as amostras, sendo 45 incoaguláveis. Nos 38 casos moderados, 20 foram incoaguláveis. Além disso, 3 casos graves também foram incoaguláveis. No TTPA, 44 testes foram normais, 12 alargados e 73 incoaguláveis. Dos 93 casos leves analisados, houve 49 incoaguláveis e dos 32 casos moderados, 22 foram incoaguláveis. Todos os casos graves mostraram alterações, com 2 amostras incoaguláveis. Houve manifestações hemorrágicas sistêmicas em 10 casos leves, 18 moderados e 4 graves, incluindo equimoses e gengivorragias. A maioria dos pacientes apresentou esses exames prolongados, mostrando interferência da peçonha na hemostasia. Publicações reportam ações de toxinas ativadoras de fibrinogênio, protrombina e fatores de coagulação, desencadeando coagulopatia de consumo induzida pelo veneno. Além disso, a peçonha da Bothrops erythromelas não apresenta atividade semelhante à trombina, porém possui efeito procoagulante acentuado e a berythractivase. |