ESTUDO ECOEPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL NO MUNICÍPIO DE ITAÚNA, MINAS GERAIS.
JOSIANE VALADÃO LOPES MARQUES 1, ERIKA MONTEIRO MICHALSKY 1, FABIANA DE OLIVEIRA LARA-SILVA1, CONSUELO LATORRE FORTES-DIAS1, NATHÁLIA CRISTINA LIMA PEREIRA1, ADÃO JUNIOR VIANA DE PAULA1, JOÃO CARLOS FRANÇA-SILVA1, ANA CRISTINA VIANA MARIANO ROCHA-LIMA1, DANIEL MOREIRA AVELAR1, LETÍCIA CAVALARI PINHEIRO1, ROSANA SILVA LANA1, VIRGINIA AGUIAR SORICE LANZETTA1, JARBAS MELO1, EDELBERTO SANTOS DIAS1
1. IRR - Instituto René Rachou, 2. FUNED - Fundação Ezequiel Dias, 3. UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais, 4. SVE - Setor de Vigilância Epidemiológica
josiane@minas.fiocruz.br

A leishmaniose visceral (LV) tem sido foco de preocupação dos órgãos de saúde pública, devido à possibilidade de a doença assumir formas graves e letais em humanos. As lacunas do processo de urbanização da LV têm contribuído para o agravamento da doença, tornando-se cada vez mais importante os estudos epidemiológicos. Na última década foram notificados 14 casos de LV humana em Itaúna, o que caracterizou o município como área recente de moderada transmissão. A proposta deste trabalho foi traçar o perfil da LV em Itaúna objetivando a valiar a influência dos fatores climáticos na distribuição mensal dos flebotomíneos, detectar a infecção e caracterizar a espécie de Leishmania nos vetores, bem como determinar a taxa de positividade canina através de estudos sorológicos, e avaliar por meio de testes parasitológicos e moleculares amostras de cães soropositivos avaliados no inquérito. Para o estudo entomológico foram realizadas capturas em 11 bairros durante 12 meses. Para o diagnóstico sorológico canino foram realizados inquéritos amostrais utilizando os testes de DPP® e ELISA . Sessenta cães soropositivos foram necropsiados e as amostras obtidas avaliadas por métodos parasitológicos ( imprint e mielocultura) e moleculares (Nested/PCR), visando à confirmação da infecção e caracterização da espécie de Leishmania nos reservatórios. Foram capturados 1786 flebotomíneos, 20% foram encontrados no intradomicílio e destes 84% eram Lutzomyia longipalpis . Das variáveis climáticas, apenas a temperatura influenciou no número de flebotomíneos capturados. Dos 133 pools analisados, 9 apresentaram-se positivos para Leishmania , ficando a taxa mínima de infecção em 2,9% . Após o sequenciamento foi confirmada que a espécie circulante nos vetores foi Leishmania infantum. Em relação aos estudos caninos, nos resultados da PCR, o baço e medula foram os tecidos que apresentaram maior positividade (98%), seguido da pele (95%) e linfonodo (93%). Na mielocultura houve crescimento de parasitos em 75% das amostras e já no exame parasitológico foram observadas formas amastigotas em 45 cães (75%). A análise das amostras caninas pelo sequenciamento de DNA indicou que Le. infantum é a espécie circulante nos reservatórios, corroborando com os resultados encontrados nos vetores. Esses resultados poderão contribuir para uma melhor compreensão da tríade parasito-vetor-hospedeiro, como também direcionar mais precisamente as ações de controle de LV empregadas pelo serviço de saúde no município de Itaúna.



Palavras-chaves:  Ecoepidemiologia, Leishmaniose Visceral, Lutzomyia longipalpis