Estudo ecoepidemiológico em áreas de ocorrência de Leishmaniose Visceral no Velho e Novo Mundo: Alentejo, Portugal, e Volta Redonda, Brasil, utilizando abordagens moleculares, tendo como foco o parasito e o vetor |
A s áreas de estudo compreendem 3 regiões que apresentam casos de Leishmaniose Visceral (LV) humana e canina : 2 distritos de Portugal continental, Évora e Beja (Alentejo), onde os últimos estudos foram efetuados há mais de uma década, e bairros do município de Volta Redonda, RJ, Brasil, com ocorrência recente de óbitos humanos. São regiões, em continentes diferentes, onde a prevalência da LV humana e canina ainda não é elevada, e não se sabe se o risco de transmissão vetorial é apenas passageiro/sazonal ou se apresenta aspectos epidemiológicos de caráter permanente. Utilizamos um conjunto de metodologias para caracterizar a fauna flebotomínica e a taxa de infecção natural, correlacionando a(s) espécie(s) de vetor(es) com a espécie de Leishmania e, ainda, a identificação das fontes alimentares, como estratégias para melhor avaliar aspectos eco-epidemiológicos nas referidas áreas. Realizaram-se capturas de flebotomíneos (2016/2017), em Portugal, de maio a novembro (época de atividade flebotomínica) e de outubro 2016 a abril 2018 (Volta Redonda). Efetuou-se ensaio de PCR-multiplex para detecção simultânea de kDNA de Leishmania e do gene cacophony de flebotomíneos, seguido de hibridização dos produtos com sondas espécie-específicas. Para a pesquisa de hábito alimentar, fêmeas ingurgitadas foram processadas para PCR-citocromo b ( cyt b ) e posterior sequenciamento. Foram enviados para análise molecular 148 flebotomíneos fêmeas coletados em Portugal, sendo P. perniciosus (57 ), P. ariasi (4 ), P. sergenti (6 ), S. minuta (80 ) e P. papatasi (1) . Destes, 28 exemplares foram encaminhados para estudo da fonte alimentar. Até o momento, foi detectado DNA de L. infantum em exemplares de S. minuta coletados no Distrito de Beja; verificou-se que duas fêmeas de P. perniciosus ingeriram sangue de ave (KM055786.1; 85% homologia) e 1 exemplar de S. minuta alimentou-se em sangue humano (KY509039.1; 99% homologia). Em relação às amostras coletadas em Volta Redonda, capturaram-se 67 fêmeas: Lu. longipalpis (53 ), Ev. sallesi (12 ) e Ny. whitmani (2 ), em que nenhuma se encontrava ingurgitada, e foram enviadas para análise molecular. Destas amostras, 3 encontravam-se naturalmente infectadas por L. infantum (1 Lu. longipalpis e 2 Ev. sallesi ). A análise global dos resultados ainda está em processamento e o conjunto dos mesmos irá conduzir à melhor compreensão do ciclo de transmissão vetorial de L. infantum nas áreas estudadas, nos dois países. |