Estudo ecoepidemiológico em áreas de ocorrência de Leishmaniose Visceral no Velho e Novo Mundo: Alentejo, Portugal, e Volta Redonda, Brasil, utilizando abordagens moleculares, tendo como foco o parasito e o vetor
SARA PEREIRA1, DANIELA DE PITA PEREIRA 1, THAIS ARAUJO PEREIRA1, CONSTANÇA BRITTO1, JOANA FERROLHO1, MANUELA VILHENA1, JANAINA RODRIGUES1, BRUNA BAÊTA1, SILMAR FERREIRA1, ANTONIO LUÍS DE SANTANA1, ELIZABETH RANGEL1, MAURICIO VILELA1, MARIA ODETE AFONSO1
1. UEI PM, GHTM, IHMT, UNL - Unidade de Ensino e Investigação em Parasitologia Médica, Global Health and Tropical Medicine, Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Universidade Nova de Lisboa , 2. DMV, UE - Departamento de Medicina Veterinária, Universidade de Évora, 3. CCZ, SMS - Centro de Controle de Zoonoses, Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda, 4. IOC, FIOCRUZ - Laboratório de Biologia Molecular e Doenças Endêmicas, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, 5. IOC, FIOCRUZ - Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemiptera, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ
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A s áreas de estudo compreendem 3 regiões que apresentam casos de Leishmaniose Visceral (LV) humana e canina : 2 distritos de Portugal continental, Évora e Beja (Alentejo), onde os últimos estudos foram efetuados há mais de uma década, e bairros do município de Volta Redonda, RJ, Brasil, com ocorrência recente de óbitos humanos. São regiões, em continentes diferentes, onde a prevalência da LV humana e canina ainda não é elevada, e não se sabe se o risco de transmissão vetorial é apenas passageiro/sazonal ou se apresenta aspectos epidemiológicos de caráter permanente. Utilizamos um conjunto de metodologias para caracterizar a fauna flebotomínica e a taxa de infecção natural, correlacionando a(s) espécie(s) de vetor(es) com a espécie de Leishmania e, ainda, a identificação das fontes alimentares, como estratégias para melhor avaliar aspectos eco-epidemiológicos nas referidas áreas. Realizaram-se capturas de flebotomíneos (2016/2017), em Portugal, de maio a novembro (época de atividade flebotomínica) e de outubro 2016 a abril 2018 (Volta Redonda). Efetuou-se ensaio de PCR-multiplex para detecção simultânea de kDNA de Leishmania e do gene cacophony de flebotomíneos, seguido de hibridização dos produtos com sondas espécie-específicas. Para  a pesquisa de hábito alimentar, fêmeas ingurgitadas foram processadas para PCR-citocromo b ( cyt b ) e posterior sequenciamento. Foram enviados para análise molecular 148 flebotomíneos fêmeas coletados em Portugal, sendo P. perniciosus (57 ), P. ariasi (4 ), P. sergenti (6 ), S. minuta (80 ) e P. papatasi (1) . Destes, 28 exemplares foram encaminhados para estudo da fonte alimentar. Até o momento, foi detectado DNA de L. infantum em exemplares de S. minuta coletados no Distrito de Beja; verificou-se que duas fêmeas de P. perniciosus ingeriram sangue de ave (KM055786.1; 85% homologia) e 1 exemplar de S. minuta alimentou-se em sangue humano (KY509039.1; 99% homologia). Em relação às amostras coletadas em Volta Redonda, capturaram-se 67 fêmeas: Lu. longipalpis (53 ), Ev. sallesi (12 ) e Ny. whitmani (2 ), em que nenhuma se encontrava ingurgitada, e foram enviadas para análise molecular. Destas amostras, 3 encontravam-se naturalmente infectadas por L. infantum (1 Lu. longipalpis e 2 Ev. sallesi ). A análise global dos resultados ainda está em processamento e o conjunto dos mesmos irá conduzir à melhor compreensão do ciclo de transmissão vetorial de L. infantum nas áreas estudadas, nos dois países.



Palavras-chaves:  Leishmaniose Visceral, Flebotomíneos, Ferramentas Moleculares, Ecoepidemiologia, Brasil/Portugal