AVALIAÇÃO IN VITRO DO PERFIL DE MORTE CELULAR DE TRYPANOSOMA CRUZI FRENTE À SÉRIE INÉDITA DE TIOSSEMICARBAZONAS |
Na patologia da Doença de Chagas, a imunorregulação, o controle da carga parasitária e o processo inflamatório são aspectos relacionados à morte celular. A morte celular pode ser programada como, por exemplo, pela apoptose, ou pode ocorrer pela necrose com o rompimento da membrana. Os testes para compostos que possam vir a substituir o Benzonidazol (BZN) incluem investigar o perfil de morte celular induzida no parasito. Uma classe de compostos que vem sendo investigada com relação a atividade contra T. cruzi são as tiossemicarbazonas. Assim, foi sintetizada uma série inédita dessa classe (TD-01 a 09), da qual foram selecionados para os ensaios de morte celular os compostos que apresentaram IC 50 para a forma tripomastigota (TD-01, 02, 03, 04, 06 e 09). O objetivo desse trabalho foi avaliar por citometria de fluxo a atuação dos compostos na indução de morte celular parasitária, sendo o estudo realizado primário, analítico, intervencional e experimental. Tripomastigotas foram ressuspensos, tratados com 1x e 2x a IC 50 dos compostos e incubados durante 24h. Após esse período, foram marcados com 7-AAD e anexina V (AV). Os controles foram parasitos não tratados e o BZN. A leitura foi feita em citômetro BD FACSCalibur com 20.000 eventos da região parasitária e os dados expressos como a porcentagem de parasitos em cada quadrante (não corados: vivos, corados com 7-AAD: necrose, corados com AV: apoptose inicial, corados com ambos: apoptose tardia) comparados com o número total de células analisadas. Os resultados foram considerados ao nível de significância de 5%. Os compostos TD-02 a 04 e TD-06 apresentaram indução dos 3 perfis de morte celular, porém as porcentagens para apoptose inicial foram maiores. O TD-01 apresentou porcentagem maior para o perfil apoptótico inicial em detrimento do necrótico. O TD-09 foi o único que apresentou apenas indução do perfil necrótico. Ressalta-se que o comportamento do BZN foi de indução de apoptose tardia e necrose, tendo maior porcentagem para a última. A morte por apoptose inicial leva a um menor processo inflamatório associado, já que não há rompimento da membrana e há rápida fagocitose. É interessante que um fármaco desencadeie esse processo, pois a necrose leva à inflamação devido ao extravasamento do conteúdo celular, acarretando maiores danos teciduais. Levando em consideração que o perfil necrótico pode levar a efeitos adversos, a maioria dos compostos testados induziu apoptose inicial quando comparados aos controles. |