ANÁLISE GEOESPACIAL DA AIDS E VULNERABILIDADE SOCIAL DE UM ESTADO DO NORDESTE BRASILEIRO NO PERÍODO PÓS-TERAPIA ANTIRRETROVIRAL |
A infecção pelo HIV ainda representa um agravo da saúde pública por envolver problemáticas clínicas, epidemiológicas, sociais, econômicas e políticas. Apesar de importantes avanços no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento, a América Latina não registrou um declínio substancial de novas infecções, conforme esperado. Sendo assim, este estudo teve como objetivos analisar a distribuição espacial do coeficiente de detecção da Aids em Alagoas entre 2007 e 2016 e investigar possíveis correlações com indicadores sociais e econômicos. O estudo é do tipo ecológico de base populacional composto pelos 102 municípios do estado de Alagoas - menor IDH do país. A amostra foi composta por todas as notificações de Aids em maiores de 13 anos entre jan/2007 e dez/2016, registrados no SINAN. Foi construído o coeficiente de detecção e utilizadas as taxas de analfabetismo, desemprego, renda média domiciliar per capita e proporção de pessoas de baixa renda, como indicadores que refletem a vulnerabilidade social. Foram empregadas técnicas de análise espacial por meio da suavização do coeficiente de detecção da Aids pelo método bayesiano empírico local e o diagrama de espalhamento de Moran. Foram notificados 5454 casos na área e período do estudo. A taxa de detecção média da doença foi de 17,5/100mil habitantes. A correção do coeficiente de detecção pela análise estimativa bayesiana empírica local suavizou as áreas e discriminou uma heterogeneidade com maior número de municípios apresentando taxas elevadas. A análise espacial de Moran apresentou valor do índice de 0,42 e P-valor 0,001, indicando que as áreas tendem a ser similares entre si. Em relação aos indicadores socioeconômicos, foi encontrada correlação moderada e positiva entre a taxa de desemprego e o IDHM com o coeficiente de detecção de Aids. Diante disto reflete-se que, apesar dos avanços, ainda são observadas áreas críticas em relação à taxa de detecção da doença. Esse resultado aponta para o risco também existente nas áreas consideradas de transição, uma vez que a dinâmica da transmissão do vírus não se limita às fronteiras político-administrativas. A análise instrumentada pelo geoprocessamento indicou a formação e estabelecimento de áreas de transmissão continuada, de transição e de vulnerabilidade social no Estado ao longo do período, demonstrando ser importante para o monitoramento da situação de saúde de uma população e para o emprego eficiente de recursos públicos para definição de estratégias direcionadas. |