Tuberculose do Sistema Nervoso: Epidemiologia das Internações Hospitalares no Estado da Bahia |
A tuberculose é uma infecção causada pelo agente Mycobacterium tuberculosis . O acometimento do sistema nervoso central (SNC) é uma das formas mais graves da doença e manifesta-se sob a forma de meningoencefalite ou de tuberculoma intracraniano. O quadro clínico pode ser agudo e letal, principalmente quando acomete crianças, ou pode ter início insidioso, cursando com febre, anorexia e adinamia. O acometimento cerebral e das meninges determina o aparecimento de cefaleia, confusão mental, alterações de comportamento, diminuição do nível de consciência, convulsões, vômitos e alterações visuais e de fala. Objetivou-se descrever as internações hospitalares por tuberculose do sistema nervoso no Estado da Bahia, através da lista de morbidade do CID-10 (A170 a A179), no período de 2010 a 2017, quanto aos custos de hospitalização, caráter de atendimento, características sociodemográficas e mortalidade. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Morbidade Hospitalar (SIH-SUS) do Ministério da Saúde, tabulados em gráficos e tabelas no programa Microsoft Excel 2016. Foram registradas 90 internações por tuberculose do sistema nervoso no Estado da Bahia, com aumento de 314,28% no período. A taxa de mortalidade foi de 11,11 óbitos/100 internações e 78,88% tiveram caráter de urgência. O valor total das internações para o período foi de R$ 194 mil. Para as internações eletivas, o valor médio foi de R$ 4.907,08 e o tempo médio de permanência hospitalar foi de 25,7 dias; para as de urgência, o valor médio foi de R$ 1.420,31 e o tempo de permanência 16,5 dias. O sexo masculino correspondeu a 72,82% dos casos e 41,86% dos registros foram ignorados quanto à raça/cor. A faixa etária predominante foi 40-49 anos (23,53%), seguida de 50-59 anos (22,43%) e 60-69 anos (20,69%). O aumento no número de internações pode refletir a diminuição da subnotificação no sistema. A prevalência expressiva na faixa etária mais avançada pode estar relacionada ao aumento absoluto da população de idosos, a possibilidade de infecção cumulativa, vacinação ausente ou tardia e risco aumentado de desenvolver a doença devido à imunodeficiência própria da idade. A predominância no sexo masculino condiz com os dados da literatura. Ressalta-se a importância do reforço às atividades preventivas em atenção primária, como a vacinação, e às ações destinadas a modificar os desfechos dos pacientes acometidos pela doença. |