Perfil Clínico-Epidemiológico das Hepatites Virais no Município de Feira de Santana, Bahia. |
As hepatites virais A, B, C, D e E – viroses com tropismo primário pelo tecido hepático – possuem amplo espectro clínico: desde formas assintomáticas (anictéricas) e ictéricas típicas, até insuficiência hepática grave. A forma de transmissão depende do tipo do vírus, mas ocorre principalmente por via fecal-oral, sexual ou parenteral. A distribuição dos tipos virais, no Brasil, varia de acordo com a região. Objetivou-se descrever o perfil clínico epidemiológico dos casos confirmados de hepatites virais no município de Feira de Santana, Bahia, no período de 2007 a 2017. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do Ministério da Saúde. Os dados foram tabulados em gráficos e tabelas através do Microsoft Excel 2010. Foram notificados 765 casos. Detectou-se aumento de 168,75% de 2007 até 2016, em que houve um pico de notificação (17,7%), seguido de redução dos casos em 2017. Feira de Santana é o 2º município da Bahia com maior número de casos de hepatites virais, atrás da capital Salvador. Do total de casos, 55,2% ocorreram no sexo masculino, 52% na raça/cor parda, 45,75% na faixa etária de 40-59 anos, 19,1% com ensino médio completo e 86,6% em zona de residência urbana. O vírus C correspondeu por 50% dos casos, seguido pelo vírus B com 44%. A hepatite em gestantes correspondeu por 9,8% dos casos, principalmente no 3º trimestre (54,6%) e predomínio do vírus B (83,2%). O mecanismo de infecção foi ignorado em 75,3% dos casos, sexual 5,4%, transfusional 3,7% e uso de drogas injetáveis 3%. Quanto à forma clínica, 89,7% se apresentavam em estágio crônico e 9,15% em estágio agudo. A maior exposição a fatores de risco, como múltiplos parceiros sexuais, não uso de preservativo e uso de drogas injetáveis pode explicar o maior acometimento pelo sexo masculino. A faixa etária de 40-59 anos foi exposta à hemotransfusões sem triagem para hepatites virais (anterior a 1993). A ocorrência de hepatite B em gestantes denota o não uso de preservativo, apesar de sua proteção contra infecções sexualmente transmissíveis. Apesar da redução do número de casos no último ano, ainda é necessário reforçar atividades de prevenção, como a educação em saúde quanto ao uso e funções do preservativo, reforçar a vacinação contra hepatite B, e ações de vigilância em saúde, estimulando os profissionais de saúde a preencher de forma completa as notificações. |